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País quer acesso a investigação da BP

OESP, Economia, p. B7
21 de Jul de 2010

País quer acesso a investigação da BP
Brasil pede para ter acesso a detalhes que estão sendo apurados sobre causas do vazamento de petróleo no Golfo do México

Denise Chrispim Marin / Correspondente/ Washington

O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, deixou claro ontem ao governo americano que interessa ao Brasil conhecer a fundo o resultado das investigações oficiais sobre as causas da explosão na plataforma da British Petroleum (BP) no Golfo do México. O acidente, em 20 de abril, provocou o derrame de cerca de 160 mil barris diários de petróleo por quase 90 dias - o maior desastre ambiental da história dos EUA.
O tema foi tratado em encontro entre Zimmermann e o secretário de Energia dos EUA, Steven Chu, em Washington. Ambos assinaram um memorando de entendimento que dará continuidade à cooperação bilateral na área de energia iniciada em 2003, com a criação de grupos de trabalho. Nos últimos sete anos, esse foi um dos raros setores em que a relação entre os dois países avançou.
"Como o futuro dessa atividade está na extração de petróleo no mar, será importante saber exatamente o que aconteceu, da mesma forma como é preciso conhecer a fundo as razões de um acidente aéreo", afirmou o ministro. Ao final de seu encontro com Chu, Zimmermann insistiu para que os EUA não incentivem apenas a produção de carro elétrico, mas também a de veículos híbridos - o flex movido a eletricidade e a etanol. Chu limitou-se a dizer que apoia a iniciativa. Nas últimas semanas, com a elevação das críticas contra a inação do governo americano diante do acidente no Golfo do México, o presidente dos EUA, Barack Obama, lançou uma iniciativa em favor da energia limpa e incentivou especialmente a indústria de carros elétricos.
Segundo o embaixador André Amado, subsecretário de Energia do Itamaraty, o carro elétrico "tem cobertor curto". A redução de emissões de gases do efeito estufa provocado pela sua utilização não compensa a poluição acumulada em sua produção. Nesse sentido, a tecnologia dos carros flex do Brasil seria mais compensadora.
Energia limpa. Os Estados Unidos lançaram dez iniciativas na área de energia limpa com outros 23 países, entre os quais o Brasil, ontem, durante a primeira reunião ministerial sobre o tema. Segundo Chu, as medidas devem eliminar a necessidade de construção de mais de 500 usinas de geração de eletricidade no mundo nos próximos 20 anos. Os países reunidos ontem em Washington, juntos, respondem por 80% do consumo mundial de energia elétrica e por 80% do mercado global de tecnologia de energia limpa.
Segundo o secretário de Energia, essas iniciativas podem ajudar na conclusão de um acordo internacional.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100721/not_imp583921,0.php

Óleo no golfo ameaça pré-sal
Jornal inglês 'Financial Times' diz que o vazamento no poço da BP torna inviável o projeto da Petrobrás

Sílvio Guedes Crespo

O acidente da BP (antiga British Petroleum) no Golfo do México, EUA, tende a deixar "no limbo" a exploração do petróleo na camada pré-sal do Brasil, afirma o jornal britânico Financial Times, na reportagem "Realismo sobre riscos substitui euforia na incipiente indústria de águas profundas do Brasil".
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) deve levar um ano para fazer alterações em regras de seguranças. "O problema é que isso deixa a indústria no limbo nesse meio tempo", afirma o diário. As mudanças regulatórias devem provocar atrasos, aumento de custos e elevação do preço do seguro sobre a atividade de exploração em águas profundas, na avaliação do jornal.
Exemplo concreto do impacto da catástrofe no mercado brasileiro: a BP espera que a compra de dez blocos em águas profundas da Devon Energy seja aprovada no fim do ano, mas a ANP já disse que está revisando o acordo tendo em vista o acidente no Golfo do México.
A plataforma da BP que afundou ficava em águas profundas, como a região onde se concentra o petróleo pré-sal. Mas, no caso brasileiro "os desafios técnicos" da exploração são ainda maiores, diz o jornal. Primeiro, porque o óleo está localizado em uma profundidade maior e a uma distância maior da costa. Depois, porque as altas temperaturas e a grande quantidade de dióxido de carbono no pré-sal podem danificar o equipamento de perfuração.
Para o FT, esses desafios contribuíram para que as ações da Petrobrás tivessem o segundo pior desempenho entre as petroleiras neste ano, perdendo apenas para a BP.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100721/not_imp583922,0.php

OESP, 21/07/2010, Economia, p. B7

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