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Órgãos ambientais prejudicam obras de hidrelétricas, queixa-se Eletrobrás

O Globo, Economia, p. 14
09 de Jan de 2006

Órgãos ambientais prejudicam obras de hidrelétricas, queixa-se Eletrobrás

Ramona Ordoñez

Os órgãos ambientais parecem estar mais preocupados com o estresse de vagalumes, cobras e lagartos, do que em garantir que não falte energia elétrica na casa dos consumidores, reclama o presidente da Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos. Com duras críticas ao Ibama - assim como aos organismos estaduais que, segundo ele, estão dificultando a construção de novas usinas hidrelétricas - o responsável pela estatal diz que os argumentos usados para impedir as obras são, na maioria da vezes, ideológicos, quando deveriam ser técnicos.
- Há casos de regiões em que não podemos oferecer energia para não estressaros vagalumes - queixa-se Vasconcelos.
Ibama não autorizou leilão de grande porte
O presidente da Eletrobrás não esconde a indignação ao comentar que, no primeiro leilão de energia nova, realizado no dia 16 de dezembro, o governo federal não conseguiu oferecer dez novas usinas hidrelétricas, por não ter conseguido a tempo as licenças ambientais. A usina hidrelétrica de Ipueiras, no Tocantins, com 480 megawatts (MW) de capacidade, não foi a leilão, porque o Ibama não deu licença: a construção prejudicaria os peixes:
- Ipueiras foi uma tristeza. O Ibama é um órgão federal, demos todas as explicações possíveis, mas a obra não foi liberada.
Vasconcelos afirma que é necessário compatibilizar meio ambiente com desenvolvimento sustentável.
- Nós entramos nesse processo com realismo. O país precisa de energia, e eles estão entrando nesse processo com radicalismo - frisou o presidente da Eletrobrás.
Vasconcelos também dá como o exemplo problemas enfrentados com uma obra na Restinga de Marambaia, Zona Oeste do Rio. Segundo o executivo, os ambientalistas mais uma vez não autorizaram a construção de uma usina por causa do impacto que o projeto poderia causar nas cobras que vivem na região.
Os consumidores, segundo o presidente da Eletrobrás, são os mais prejudicados, porque vão pagar, no futuro, pela energia termelétrica, mais cara do que a hidrelétrica. No leilão, sem poder contar com várias hidrelétricas, cerca de 60% dos projetos arrematados com potência total de 3.280 MW, são de termelétricas.
O presidente da estatal ressaltou ainda que os projetos térmicos têm tarifas cerca de 15% mais caras do que as de hidrelétricas. No leilão, o preço médio das tarifas das hidrelétricas ficou entre R$ 110 e R$ 114 o megawatt/hora. Já os projetos térmicos tiveram um preço de tarifa fixado em torno de R$ 130 o MW/h.
- As usinas hidráulicas são muito mais baratas e beneficiariam o consumidor.

O Globo, 09/01/2006, Economia, p. 14

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