Globo Rural - https://globorural.globo.com/agricultura/soja/noticia/2024/12/organizacoes-lancam-mani
12 de Dez de 2024
Organizações lançam manifesto em defesa da Moratória da Soja
A ação ocorre no momento em que produtores de soja e parlamentares tentam por fim ao acordo do setor, ou afrouxar suas regras
Por Cibelle Bouças - Belo Horizonte
12/12/2024
Um grupo de 66 organizações da sociedade civil publicou nesta quinta-feira (12) um manifesto em defesa da Moratória da Soja, criada para frear o desmatamento na Amazônia. A ação ocorre no momento em que produtores de soja e parlamentares tentam por fim à moratória, ou afrouxar suas regras.
As organizações defendem ações "contundentes" do setor público e do setor privado para reduzir o desmatamento. E pedem que as empresas mantenham o compromisso com o desmatamento zero e a participação na Moratória da Soja.
"Existe uma forte pressão vinda das alas mais retrógradas do agronegócio para eliminar toda e qualquer restrição à agricultura predatória. A Moratória da Soja é a bola da vez e o ataque não vai cessar. Demandamos que as empresas participantes não se curvem a essas pressões e joguem fora 18 anos de resultados da Moratória, que elas ajudaram a construir", afirma Cristiane Mazzetti, coordenadora da frente de Florestas do Greenpeace Brasil.
As instituições criticam as iniciativas para pressionar pelo fim da moratória. Nesta quarta-feira (11/12), a Aprosoja-MT apresentou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um pedido formal de investigação das práticas comerciais das empresas signatárias da Moratória da Soja.
"Com a moratória houve uma queda de 30% para 1% da área de expansão de soja em vegetação nativa somente em Mato Grosso. Precisamos defender esse importante instrumento de incentivo ao desenvolvimento sustentável", diz Edilene Fernandes, consultora jurídica do Observa-MT.
"A preservação da Amazônia deveria estar no topo das prioridades dos produtores rurais, que já sentem os efeitos da mudança do clima e da alteração no regime de chuvas que o desmatamento do bioma já provoca. A ciência já provou a importância da Amazônia para o clima mundial e para o regime de chuvas no centro-sul da América do Sul, do qual dependem a segurança elétrica e hídrica das milhões de pessoas que vivem na região", observa Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil.
"Há pouco tempo nossa preocupação ambiental aqui no Acre era com o desmatamento para transformar a floresta em pasto de boi, mas nos últimos anos a soja vem dominando a paisagem, sobretudo no Vale do Acre, de Rio Branco à Assis Brasil ela tá presente. A soja é concentradora de terra e acelera ainda mais o aumento das desigualdades sociais e a violência contra populações no entorno", afirma Angela Mendes, presidente executiva do Comitê Chico Mendes. Ela também cita o uso excessivo de agrotóxicos como outro risco para a região.
No manifesto, as organizações afirmam que produtores e legisladores ignoram a realidade das crises climática e de biodiversidade ao atuar contra a Moratória da Soja, movendo pedidos Cade de investigação contra as empresas signatárias do acordo. Também citam leis criadas no Mato Grosso e Rondônia, além de projetos de lei em outros Estados para tirar incentivos fiscais para empresas que adotem critérios de compra adicionais ao Código Florestal.
As organizações alegam ainda que a moratória estabelece um sistema de controle de origem que impede a entrada de soja com desmatamento na cadeia. "Se essa barreira à expansão desordenada e à especulação de terras na Amazônia for eliminada, teremos um restabelecimento do incentivo ao desmatamento", afirmam as entidades.
A Moratória da Soja é um acordo firmado em 2006 por indústrias, sociedade civil, governo, bancos e ONGs, as tradings, no qual assumem o compromisso de deixar de comercializar soja produzida em fazendas que tenham áreas desmatadas do Bioma Amazônia após 22 de julho de 2008.
No manifesto, as entidades ponderam que o acordo tem se mostrado decisivo na redução do desmatamento na Amazônia. A área plantada com soja em 2007, foi de 1,64 milhão de hectares. Em 2022, a soja plantada no bioma Amazônico cobria 7,28 milhões de hectares - e somente 250 mil dessas áreas haviam sido plantadas em áreas desmatadas após 2008, em desacordo com a Moratória.
São signatários do manifesto:
Action Aid
AdT - Amigos da Terra Amazônia Brasileira
All4trees
Alternativa Terrazul
Amazon Watch
AMDL - Associação Mico Leão Dourado
Apremavi
Biofuelwatch (Europe/USA)
Blue Dalian
Brigada de Alter
BVRio
Canopée
Ciupoa - Centro de Inteligência Urbana
Clima de Eleição
CNS - Conselho Nacional das Populações Extrativistas
Comitê Chico Mendes
CTI - Centro de Trabalho Indigenista
Earthsight
Eko
Environmental Defender Law Center - EDLC
Environmental Investigation Agency
Envol Vert
Forests of the World
Geledés - Instituto da Mulher Negra
Global Canopy
Global Witness
Greenpeace Brasil
Hospitais Saudáveis
ICV - Instituto Centro de Vida
IDC - Instituto de Direito Coletivo
IDS - Instituto Democracia e Sustentabilidade
Imaflora
Instituto Comida e Cultura
Instituto 5 Elementos
Instituto Escolhas
Instituto Kabu
Instituto de Estudos Socioeconômicos - INESC
IPAM - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
IPÊ- Instituto de Pesquisas Ecológicas
ISA - Instituto Socioambiental
ISPN - Instituto Sociedade, População e Natureza
Mater Natura
Mazô Maná, Nutrição da Floresta
Mighty Earth
Movimento Pela Soberania Popular na Mineração - MAM
Observa-MT
Observatório do Código Florestal
Observatório do Clima
OPAN - Operação Amazônia Nativa
Plataforma CIPÓ
Projeto Saúde e Alegria
Proteção Animal Mundial Brasil
Rainforest Action Networ
Rainforest Foundation Norway
Rede Vozes Negras pelo Clima
Repórter Brasil
ROBIN WOOD, Germany
Sea Shepherd Brasil
Snow Alliance
SOS Amazônia
SOS Mata atlântica
SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
SVB - Sociedade Vegetariana Brasileira
Uma Gota no Oceano
Viração Educomunicação
WWF-Brasil
https://globorural.globo.com/agricultura/soja/noticia/2024/12/organizac…
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.