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ONU defende suspensão de obra financiada por BNDES na Bolívia

FSP, Mundo, p. A12
23 de Set de 2011

ONU defende suspensão de obra financiada por BNDES na Bolívia
Indígenas protestam contra rodovia, que cortará parque nacional

Flávia Marreiro
De Caracas

O escritório da ONU na Bolívia quer que Evo Morales paralise totalmente as obras de uma estrada que está sendo construída pela OAS com financiamento brasileiro e à qual se opõem indígenas amazônicos e ambientalistas.
O pedido da representante da Nações Unidas, Yoriko Yasukawa, ocorre em meio à tensão entre o grupo contra a rodovia e partidários de Morales, mobilizados e separados por poucos quilômetros na região de Yucumo, a 320 km a noroeste de La Paz.
"O direito mais relevante é o consentimento prévio livre. Esse direito tem de ser garantido", disse Yasukawa à rádio boliviana Erbol. "A obra já começou, menos o trecho em disputa. Se se pudesse suspendê-la, se as autoridades pudessem dialogar com todas as comunidades indígenas envolvidas, creio que se pode garantir esse direito".
O foco da controvérsia é o trecho dois, que pelo projeto cortará ao meio um parque nacional de 1 milhão de hectares. A declaração dá apoio tácito aos manifestantes contrários à rodovia, que marcham em direção a La Paz desde 15 de agosto. Eles afirmam que o governo violou direitos indígenas ao fechar o projeto da estrada -e inclusive o financiamento de US$ 322 milhões (cerca de R$ 588 milhões) do BNDES- sem consulta prévia às comunidades.
A marcha, que vem ganhando apoio da classe média e de ambientalistas, foi interrompida porque partidários e apoiadores do presidente Morales -a grande maioria aimará, como ele- armaram um bloqueio e prometem impedir a passagem dos indígenas amazônicos. O governo enviou mais policiais ao local. Os manifestantes afirmam que o reforço visa sitiar a marcha.
O governo Morales tem lidado de maneira ambígua com a crise que rachou sua base e pode marcar o fim de uma aliança de mais de 20 anos entre indígenas camponeses dos Andes ou terras altas -90% da população que se declara indígena no país- e os povos amazônicos. De um lado, já enviou dez comitivas de ministros para negociar com os manifestantes. Por outro, tem feito duros ataques a lideranças indígenas e a ONGs ex-aliadas.
"Essa estrada é a decisão estratégica e geopolítica mais importante da Bolívia nos últimos 50 anos", disse o vice-presidente Álvaro Linera.

FSP, 23/09/2011, Mundo, p. A12

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2309201102.htm

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