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ONG lanca projeto para certificar soja amazonica

A Critica, Brasil, p.A6
25 de Abr de 2005

ONG lança projeto para certificar soja amazônica
TNC lança o projeto hoje, durante um grande seminário, em Brasília
SÃO PAULO (AE) -Indicada como um dos atuais culpados do desmatamento crescente da Amazônia, a soja pode receber um habeas corpus. Hoje, a organização não-governamental The Nature Conservancy (TNC),.financiada pela embaixada britânica e com o apoio da companhia alimentícia multinacional Cargill, lança um projeto para certificar a soja plantada na floresta.
0 lançamento acontece em Brasília durante um seminário que pretende reunir grupos ambientalistas, técnicos e produtores de grãos, além de representantes dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. 0 governo britânico entra com R$ 1,2 milhão e a Cargill, com cerca de 200 fornecedores que trabalham nas proximidades de Santarém (PA) - onde, aliás, a empresa tem um porto para descarregar sua produção. ATNC pretende monitorar os participantes e testar, no campo, os processos que a futura certificação seguiria.
Entre os processos está o respeito à legislação ambiental, diz a representante nacional da TNC, Ana Cristina Barros. Uma das questões que serão debatidas na formulação da certificação é o uso de terras já desmatadas para o cultivo. A bandeira erguida pela ONG é: "melhor antes do que tarde", uma vez que a soja já consome o solo da Amazônia, regulamentara produção, e assim valorizar a sustentabilidade socioambiental, é um caminho válido se comparado ao futuro sombrio da agricultura avançando de forma descompassada através da floresta, como pintam os ambientalistas.
Segundo Ana Cristina, um produtor na Amazônia precisa guardar 80% da propriedade como reserva legal e respeitar matas ciliares, áreas de declive e topos de morros - medidas que evitam a erosão. "Hoje,17% da Amazônia está desmatada, um índice bastante próximo do teto legal. Não haveria conversão de terras".
Criticas
Para o Greenpeace, o projeto "não é uma opção sustentável para a Amazônia", diz Paulo Adário, coordenador de campanhas do grupo na região, e um forte componente de desfio~ mento. O grão, comenta, exige o cultivo extensivo, "é grande concentrador de território", e provoca um problema social regional por substituir a mão-de-obra por maquinário. Além disso, a soja provoca uma perda rápida de nutrientes do solo, o que pede uma compensação com insumos agrícolas".
Para Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra, o projeto precisa definir até onde a propriedade poderá se expandir e ainda ser cercada. "Este é um item que será . objeto de discussão", afirma.

EM NUMEROS
70% das áreas desmatadas na Amazônia são usadas atualmente para a agricultura - das quais 55% tem soja plantada e, outros 35%, arroz, segundo um levantamento recente feito pelo Fórum Brasileiro de ONGs e Movitos Sociais (FBONA), com base em imagens de satélite coletadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (lnpe). Contudo, a mesma análise mostra que grandes áreas desmatadas entre 2000 e 2003, com mais de mil hectares, já tem soja e arroz plantados.

A Crítica, 25/04/2005, p. A6

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