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Obras no Madeira: "Estão decretando a morte dos índios isolados", adverte especialista

Amazonia.org - www.amazonia.org.br
Autor: Thais Iervolino
21 de Out de 2008

Apesar de, nesta semana, a Fundação Nacional do Índio (Funai) ter diagnosticado a presença de índios isolados nas proximidades das obras das usinas do rio Madeira (RO), a informação não é inédita. Há tempos organizações vêm mostrando o perigo que essas obras causarão nessas tribos. "Isto foi inclusive dito e escrito no documento entregue nas audiências públicas em Porto Velho. No entanto, o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis] e as empreiteiras preferiram fingir que não ouviram, não leram, não sabiam", revela uma das coordenadoras da Associação de Defesa Etno-Ambiental (Kanindé), Ivaneide Bandeira, conhecida como Neidinha.

Segundo ela, não se pode admitir que a Funai, órgão responsável pela proteção destes povos, se omita sobre um assunto de tamanha relevância. "A Funai não deveria aceitar que houvesse nenhuma atividade enquanto não fossem feitos os levantamentos da área de ocupação indígena. Deve-se respeitar a vida e o que estão fazendo é decretar a morte deste indígenas, que podem pegar doenças transmitidas por trabalhadores de Furnas, Odebrecht e Consórcio Madeira Energia", argumenta a ambientalista.

Segundo a Funai, pode haver uma mudança no cronograma das obras, caso seja comprovada os impactos que elas trarão aos indígenas. Para Neidinha, essa mudança não é o bastante para diminuir os impactos. "A Funai deveria imediatamente proceder com os levantamentos da área de ocupação. O Ibama deveria suspender a licença de instalação. As empreiteiras deveriam parar as obras até que a fundação tome todas as providências cabíveis", afirma.

Além dos índios isolados, o meio ambiente será penalizado pelas obras. "Haverá impactos direto na biodiversidade de duas estações ecológicas: Mujica Nava e Serra dos Três Irmãos; destruição de uma vegetação única na região chamada de Umirizal e que estava prevista no programa do Governo Federal para ser criada uma unidade de conservação", diz ela.

Outros indígenas, ribeirinhos e a população da cidade também serão prejudicados. "A invasão direta nas terras indígenas vai causar prejuízos ao meio ambiente e a população indígena. Haverá prejuízos diretos ao povo ribeirinho que vive da pesca, além do aumento de violência na cidade de Porto Velho e da multiplicação de doenças como malária, e até AIDS, por conta do aumento populacional", argumenta.

Até o fechamento da matéria, a Funai não quis se pronunciar a respeito.

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