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Obama e Hu, agora, dizem querer metas

FSP, Ciência, p. A16
18 de Nov de 2009

Obama e Hu, agora, dizem querer metas
Presidentes dos dois maiores poluidores do mundo afirmam que cúpula de Copenhague tem de produzir "efeito prático"
China e EUA receberam críticas após decisão, no domingo, de limitar avanço na conferência do clima a uma declaração política

Raul Juste Lpres
De Pequim
Claudio Angelo
Editor de Ciência

Estados Unidos e China, os dois maiores poluidores do planeta, anunciaram ontem em Pequim que aceitam estipular metas para emissão de gases causadores do efeito estufa.
O comunicado dos presidentes Barack Obama e Hu Jintao foi feito dois dias depois que as duas potências decidiram enterrar a cúpula do clima de Copenhague, marcada para dezembro, propondo que seu resultado seja só um acordo político, sem efeito legal.
Ontem, Obama afirmou que não quer só uma declaração de intenções em Copenhague.
"Nossa intenção não é de um acordo parcial ou uma declaração politica, mas sim um acordo abrangente, que tenha efeitos imediatos", disse Obama, em entrevista coletiva com Hu.
Não deu mais detalhes e perguntas não foram permitidas.
No comunicado conjunto, os presidentes disseram que o acordo em Copenhague deve incluir metas para redução de emissão de gases-estufa para os países desenvolvidos e um plano de ação para reduzir as emissões de países em desenvolvimento. E que o diálogo entre os dois países inclui assistência financeira a países em desenvolvimento e a promoção de novas tecnologias, além de proteção a florestas tropicais.
Hu disse que China e EUA concordaram e expandir a cooperação em energia e mudança climática para "ajudar a produzir um resultado positivo na conferência de Copenhague".
A China e os EUA respondem, juntos, por 40% das emissões de gás carbônico do globo. Sem compromissos ambiciosos de redução por parte de ambos, nenhum acordo terá efeito.
E os EUA não estão indo a lugar nenhum. Apesar de ter feito do clima uma prioridade de sua campanha, Obama depende, para agir, da aprovação da lei de mudanças climáticas pelo Senado, que só deve acontecer em 2010. Sem EUA, não há China.
Além disso, há outros obstáculos ao acordo, principalmente no tocante ao financiamento do combate à mudança climática nos países pobres.
A própria anfitriã da cúpula do clima, a Dinamarca, sucumbiu. Seu premiê, Lars Rasmussen, propôs um acordo "politicamente vinculante", que deixaria o pacto legal para 2010.
Ontem, no final de uma reunião de ministros de 44 países em Copenhague, que incluiu o Brasil, a ministra do Clima da Dinamarca, Connie Hedegaard, fez as vezes de otimista.
"Houve um mal-entendido por alguns de que estivéssemos querendo um acordo parcial. Não é nosso plano. Nós queremos entregar respostas para todos os problemas principais, e também queremos um mandato para tentar dar forma legal a tudo isso", afirmou. Hedegaard citou como exemplo de vontade política a meta brasilleira de cortar até 39% das emissões em relação à trajetória em 2020.
"Um acordo político não sobreviverá à próxima eleição, à próxima recessão ou ao próximo desastre natural", criticou Kim Carstensen, do WWF. "O que nós precisamos é de um acordo legal." Segundo ele, há tempo. "Os rumores sobre a morte de Copenhague foram enormemente exagerados."
Mas outros países ricos já aceitaram o acordo político.
"Nós queremos um tratado legalmente vinculante, queremos obtê-lo em Copenhague. Mas, na prática, isso não será possível em Copenhague, então queremos números e metas de redução de emissões. Também queremos números para financiamento", disse Aled Williams, porta-voz do Departamento de Energia e Clima do Reino Unido. Os britânicos querem que os líderes também estabeleçam em Copenhague um prazo para o acordo final.

Com agências internacionais

FSP, 18/11/2009, Ciência, p. A16

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