OESP, Especial, p. H1-H8
16 de Dez de 2016
O País pede água
Detentor de uma das maiores reservas de água doce no mundo, com suas bacias hidrográficas e o maior manancial subterrâneo do planeta - o Aquífero Guarani -, o Brasil viveu no ano passado uma das piores crises hídricas de sua história. Toda essa abundância não evitou que a população e o setor produtivo - este com consequentes perdas econômicas - tivessem de conviver com um drástico racionamento. E o País, como um todo, não está livre de novos planos de contingenciamento.
A busca pela gestão eficiente dos recursos hídricos e a preocupação com a prolongada seca no Nordeste, agravadas pelo cenário de recessão econômica, levaram ao auditório do Estado, na terça-feira, autoridades, especialistas e estudiosos para debater, no âmbito da série Fóruns Estadão, o que é preciso fazer para preservar os recursos hídricos nacionais e assegurar o abastecimento.
Presente ao encontro, o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, citou uma frase que ouviu de uma mulher nordestina que havia passado pelo trauma da estiagem prolongada: "A primeira coisa que a chuva leva é a memória da seca". É preciso impedir que isso continue acontecendo, acrescentou Andreu.
Para o coordenador da rede de recursos hídricos da Confederação Nacional da Indústria, Percy Soares Neto, o desabastecimento de água na Região Sudeste foi um ponto de virada para a indústria brasileira em relação às práticas de uso da água. Foi quando, segundo ele, o setor se conscientizou da necessidade de buscar alternativas, racionalizar o consumo, melhorar a gestão dos recursos e buscar inovações tecnológicas.
Os debates de terça-feira, resumidos neste caderno, buscaram apontar onde é preciso avançar e onde já se avançou para fazer uso da água de forma eficiente e sustentável. Como apontou a coordenadora da Rede de Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro: "Nós crescemos em uma cultura de abundância de água, e essa falsa ideia, aliada ao mau uso, fez com que chegássemos a essa realidade de hoje".
OESP, 16/12/2016, Especial, p. H1-H8
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