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Novo laudo aponta contaminação em rio no entorno de fábrica no Pará

FSP, Ciência, p. B5
29 de Mar de 2018

Novo laudo aponta contaminação em rio no entorno de fábrica no Pará
Empresa norueguesa nega o transbordo de seus resíduos sólidos

Fabiano Maisonnave
MANAUS

Em relatório técnico divulgado nesta quarta (28), o Instituto Evandro Chagas afirma ter encontrado diversos metais poluentes em níveis acima do permitido no entorno da empresa norueguesa Hydro Alunorte, em Barcarena (PA), a 100 km de Belém.

Segundo o instituto, subordinado ao Ministério da Saúde, o rio Murucupi, que cruza comunidades vizinhas à fábrica, apresenta alumínio, ferro, cobre, arsênio, mercúrio e chumbo em concentrações acima do estabelecido pela resolução 357 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

Por causa da contaminação, o órgão orientou a população a não usar o rio e recomendou a continuidade da distribuição de água potável -a maioria das casas do entorno é abastecida por poços artesanais.

Os mesmos metais foram encontrados nos efluentes da Hydro, o que comprovaria que houve o transbordamento em meados de fevereiro, quando Barcarena registrou uma chuva recorde, provocando alagamentos.

O Ibama, no entanto, descartou o transbordamento em vistorias no local, mas multou a Hydro em R$ 20 milhões por problemas de licenciamento. O órgão ambiental federal não colaborou com o relatório do Evandro Chagas.

Questionado pela Folha se o estudo considerou o lixão a céu aberto municipal, localizado no entorno da fábrica, como possível fonte poluidora, o Evandro Chagas afirmou que a área analisada fica longe desse local.

Criado nos anos 1970, o polo industrial de Barcarena até hoje não tem licença ambiental. A cidade não dispõe de coleta de esgoto nem tratamento de lixo.

O relatório também identificou alumínio e ferro acima do permitido no rio Pará, de maior volume de água, onde a Hydro admitiu ter despejado água de chuva não tratada proveniente do telhado do galpão de carvão.

A empresa, porém, nega que tenha havido rompimento ou transbordo nos seus depósitos de resíduos sólidos, como diz o Evandro Chagas.

Sobre o novo relatório, a Hydro afirmou que ainda não teve acesso ao seu teor. A empresa contratou a consultoria ambiental SGW para uma análise paralela e promete apresentar as conclusões em 9 de abril.

A Noruega é o país principal doador do Fundo Amazônia, voltado ao combate ao desmatamento -já desembolsou cerca de US$ 1,1 bilhão (R$ 3,6 bilhões). No ano passado, representantes do governo fizeram duras críticas à política ambiental do presidente Michel Temer durante sua visita a Oslo.

Com participação de 34,3% da empresa, o governo norueguês disse esperar que a Hydro tome as medidas necessárias para resolver a situação.

FSP, 29/03/2018, Ciência, p. B5

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/03/novo-laudo-aponta-contam…

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