MST auxilia índios da Raposa-Serra do Sol no plantio de arroz orgânico

Parceria entre índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai levar assistência técnica para a produção de arroz na terra indígena Raposa Serra do Sol. Líderes indígenas vão ser treinados nas escolas do MST que ficam no Rio Grande do Sul, e o movimento vai doar 10 mil quilos de sementes para o início do plantio de arroz orgânico na reserva. As informações são do jornal Folha de Boa Vista.

As primeiras sementes devem chegar à reserva indígena no início de outubro. Ezequias David da Silva, líder do MST em Roraima, revelou que as discussões sobre plantações de arroz na reserva já estão bem adiantadas e que os índios só não foram ao Sul ainda por conta da gripe suína.

A ida dos lideres indígenas às escolas do MST está sendo reprogramada. Eles visitarão áreas de assentamentos, observarão plantações de arroz de sequeiro e irrigado e cuidarão da vinda das sementes para as áreas de arroz em Roraima.

Os integrantes do Conselho não explicaram de que forma será feita a negociação do arroz. O tuxaua Júlio Macuxi, do CIR, em entrevista para a imprensa nacional, disse que o MST é a única entidade com tecnologia na produção do arroz orgânico que os índios pretendem plantar em suas terras.

Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), MST e CIR estão trabalhando de forma conjunta na implantação do projeto de arroz na reserva Raposa Serra do Sol. Segundo informações, é a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que vai fazer esse trabalho de aquisição de alimentos produzidos na reserva. Caberá à Funai fazer a mediação do processo e o Incra dará assistência técnica.

O superintendente regional do Incra em Roraima, Titonho Beserra, no entanto, afirmou à reportagem da Folha de Boa Vista que desconhece qualquer iniciativa do órgão para prestar assistência técnica aos indígenas. Ele pontuou que o instituto é uma autarquia federal, cuja atribuição legal é promover a reforma agrária e o ordenamento da estrutura fundiária do país, o que exclui a prestação de serviços de assistência técnica a indígenas ou a qualquer outro interesse público que não seja o da reforma agrária.