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Moradores 'disputam' água com jacarés

OESP, Metrópole, p. A14
16 de Jan de 2015

Moradores 'disputam' água com jacarés
Eles fazem fila para encher baldes e garrafas PET em canal do Recreio dos Bandeirantes

Felipe Werneck

Além da sensação térmica que ultrapassou ontem os 40o, moradores da comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio, sofrem com a falta d'água e precisam recorrer a uma bica em canal cheio de jacarés.
A cena é dramática: canos emaranhados nas margens do Canal das Tachas levam água em determinados horários, geralmente na madrugada, e moradores formam uma enorme fila para encher baldes e garrafas PET.
"Quando chega água, é uma guerra. O medo é constante, porque os jacarés pulam em cima dos canos", diz a fisioterapeuta Valéria de Mattos, de 39 anos, que mora em frente ao canal. Ela conta que está sem água no apartamento há mais de um mês. "Tem gente abrindo poço e vendendo, mas a água é cara e vem com cheiro ruim, só dá para usar no banheiro mesmo. A água da bica é limpa e de graça."
Valéria conseguiu encher na madrugada de ontem 16 garrafas PET e 3 baldes, que guardava na cozinha. "Aqui, isso é ouro. É uma luta por causa de um balde." Não entendo por que só abrem de madrugada." Pela manhã, os canos já estavam secos. Dono de uma serralheria na rua do canal, Gilson de Jesus Machado, de 47 anos, diz que mora há nove anos no local e nunca viu uma situação de falta d'água tão forte como a atual.
Caminhões-pipa rodavam pelo bairro abastecendo casas. A vacinação em um posto de saúde foi interrompida por causa da falta d'água.
Em nota, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) alega que houve um problema na Adutora Urucuia-Barra, uma das tubulações responsáveis pelo abastecimento de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio. A empresa se comprometeu a realizar o reparo e retomar o abastecimento "de forma gradativa em até 72 horas".

Recorde. Rio é a capital mais quente do País no verão deste ano. A temperatura média em janeiro chegou a 36,8oC, 7oC a mais do que a média histórica, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. O motivo, segundo especialistas, é a barreira atmosférica que impende a chegada de frentes frias do Sul.

OESP, 16/01/2015, Metrópole, p. A14

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