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Mineração tem mais recursos do BNDES

OESP, Economia, p. B16
10 de Abr de 2010

Mineração tem mais recursos do BNDES
Com recuperação do setor, financiamentos devem chegar a R$ 4,5 bilhões este ano

Alexandre Rodrigues do Rio

Os desembolsos do BNDES para investimentos em mineração já retornaram aos níveis anteriores à crise. O banco projeta liberar até o fim do ano R$ 4,5 bilhões para o setor, quase 75% dos R$ 6,3 bilhões previstos para a área de indústria de base do BNDES, que inclui os segmentos siderúrgico, metalúrgico, de mineração e de cimento. EM 2009, o banco destinou R$ 6,1 bilhões ao setor.
Segundo o chefe do Departamento de Indústria de Base do BNDES, Paulo Sérgio Moreira da Fonseca, a mineração, um dos segmentos mais afetados pela crise mundial entre 2008 e 2009, surpreendeu com uma recuperação mais acelerada do que a esperada. Os investimentos em infraestrutura e a manutenção do crescimento econômico da China fizeram com que a demanda por minério de ferro para a produção de aço voltasse ao nível pré-crise.
O cenário contribuiu para que mineradoras mundiais fixassem fortes reajustes no minério. A Vale, por exemplo, estabeleceu aumento médio de 90% em seus contratos este ano. Apesar da chiadeira das siderúrgicas, Fonseca não tem dúvidas de que as mineradoras conseguirão facilmente dobrar a cotação da tonelada do minério este ano, alcançando US$ 150, e ainda terão espaço para impor um novo aumento no ano que vem.
Ao crescente apetite asiático, deverá se somar ao cenário pró-mineração a recuperação mais lenta da demanda na Europa e nos EUA, favorecendo ainda mais os investimentos no setor.
"O poder de barganha está do lado das mineradoras, já que há um hiato de demanda na faixa de 50 milhões de toneladas", lembra Fonseca, para quem as mineradoras souberam usar a saída da crise em seu favor, depois de terem visto o preço da commodity despencar no ano passado.
Emergentes. Com a demanda dos países emergentes puxando a recomposição do mercado mundial, as mineradoras conseguiram espaço para substituir contratos anuais por negociações trimestrais baseadas no preço à vista. "Quando houve a crise, o preço colapsou. Agora, as mineradoras saem com um preço bem mais alto do que entraram na crise", diz o técnico.
"Ninguém esperava recuperação tão grande. Acredito que a demanda chinesa se mantém firme nos próximos dois ou três anos, calcada na dinâmica interna. A China usa pouca sucata, consome muito minério e já responde por 50% da produção mundial de aço."
Para o gerente setorial de Indústria de Base do BNDES, Pedro Landim, o aumento do minério viabiliza a entrada de novos operadores na exploração de jazidas pequenas ou de qualidade inferior, paradas pelo alto custo. Ele também observa que há projetos de exploração de minério de ferro em outros Estados, além de Minas e Pará, como Ceará, Amapá, Bahia e Maranhão.
A escalada do preço do minério também empurra as siderúrgicas a investir, mas, entre as brasileiras, apenas a CSN tem a vantagem de explorar também minério de boa qualidade, com a mina de Casa de Pedra (MG). A mina garante o insumo necessário para o ciclo de produção da CSN e ainda permite que a empresa exporte o excedente, que no ano passado superou os 20 milhões de toneladas.
Mesmo criticada pela Vale, que na época ainda fazia parte de seu bloco de controle, a Usiminas apostou na verticalização em 2008 e comprou três minas com a intenção de garantir suprimento mais barato. Com isso, a empresa opera atualmente quatro minas no município de Itatiaiuçu (MG), com produção de 5,5 milhões de toneladas de minério de ferro em 2009. O volume só supre metade do consumo de insumo da companhia e ainda precisa ser enriquecido com minério de melhor qualidade.
/ colaborou: Mônica Ciarelli

OESP, 10/04/2010, Economia, p. B16

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