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Minc licenciou obras em tempo recorde

FSP, Brasil, p. A7
15 de Mai de 2008

Minc licenciou obras em tempo recorde
Em um ano, secretaria comandada por ele no Rio emitiu o mesmo número de licenças que nos três anos anteriores
Complexo petroquímico de US$ 8,4 bilhões que a Petrobras vai fazer perto de manguezal foi autorizado seis meses após estudo

Ítalo Nogueira
Sergio Torres
Da sucursal do Rio

Nos quase 17 meses sob a administração de Carlos Minc, a Secretaria do Ambiente do Rio licenciou em tempo recorde obras de grande impacto ambiental e de interesse direto do governo federal. Entre elas, o Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro), que a Petrobras planeja construir na proximidade dos manguezais de Guapimirim, única área preservada da baía de Guanabara.
Parte da estrutura que permitiu a agilidade na emissão de licenças foi financiada por empresários. Por meio da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a secretaria garantiu R$ 22 milhões para contratar funcionários temporários, comprar material e reformar sua sede.
A nova estrutura e metodologia acelerou a emissão de licenças. Segundo a secretaria, foram emitidas 2.068 licenças desde fevereiro de 2007 até ontem. Foi aproximadamente, segundo o órgão, a mesma quantidade emitida nos três anos anteriores (2004 a 2006).
A licença ambiental para o Comperj ficou pronta em março, seis meses após a Petrobras entregar os Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do empreendimento avaliado em US$ 8,4 bilhões. Quando entregou a licença à Petrobras, Minc disse que "a população pode ficar tranqüila porque o empreendimento não vai trazer reflexos ambientais".
A avaliação da associação civil sem fins lucrativos Instituto Baía de Guanabara difere da do novo ministro. Para a presidente da entidade, a engenheira química Dora Negreiros, a escolha do local onde ficará o Comperj (Itaboraí, a 45 km do Rio) é equivocada. "Houve uma decisão política e econômica. O próprio presidente da República pousou de helicóptero e disse: "É aqui". Isso antes de licenças e estudos ambientais. Tenho medo da desordem urbana que poderá ocorrer na região."
A Firjan firmou convênio com a secretaria em fevereiro do ano passado para reformar a sede da secretaria e órgãos vinculados, realizar estudos de gestão, comprar carros e computadores e contratar 147 técnicos temporários para apoiar na emissão de licenças.
Para o diretor-geral da Firjan, Augusto Franco, o financiamento foi feito "de forma transparente". "As empresas estão contribuindo porque um órgão ambiental sucateado é tudo o que elas não querem."
Também no caso do Arco Metropolitano, rodovia de 146 km entre o Comperj e o porto de Itaguaí (cidade a 75 km do Rio), a licença da Secretaria do Ambiente veio rapidamente. O trajeto cruzava a Floresta Nacional Mário Xavier (Seropédica, Baixada Fluminense).
Por causa de sua atuação no caso, Minc recebeu na segunda elogios públicos do presidente Lula durante o lançamento da pedra fundamental da obra.
Minc é formado em geografia, tem mestrado em Planejamento Urbano na Universidade de Lisboa e doutorado em Economia do Desenvolvimento na Universidade de Paris 1 (Sorbonne). Escreveu cinco livros, sobre temas relacionados à ecologia e política. Em 1989, recebeu o Prêmio Global 500, concedido pela ONU aos ativistas que se destacam mundialmente nas lutas em defesa do meio ambiente.

FSP, 15/05/2008, Brasil, p. A7

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