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Meio ambiente é tema da Matilha, centro cultural aberto em SP

OESP, Metrópole, p. C8
03 de Out de 2009

Meio ambiente é tema da Matilha, centro cultural aberto em SP
Filmes, exposições, e performances gratuitas visam a conscientizar a população sobre o futuro do planeta

Valéria França

Espremido entre os prédios velhos da Rua Rego Freitas, no centro de São Paulo, a Matilha Cultural passaria despercebida se não fosse o movimento que vem provocando na região. Skatistas, grafiteiros, cineastas e ambientalistas são os principais frequentadores do prédio. E o chamariz não é só o visual diferenciado dessa turma, que não raro aparece de roupas coloridas e dread nos cabelos. No primeiro sábado de cada mês, eles ocupam uma das vagas da rua com vasos e bancos, dando um novo uso ao espaço reservado ao estacionamento de carros. Hoje é dia dessa turma ficar ali, lendo jornal, escutando música e saboreando comidinhas vegetarianas - sim, a turma é vege.

Até a quarta-feira passada, no hall de entrada, o cartão de visita do edifício era uma árvore que chegava até o terceiro andar do prédio. Não se tratava de uma peça decorativa, mas de uma instalação. A Matilha Cultural é um centro criado para divulgar produções e iniciativas socioambientais gratuitamente. No térreo, a galeria de exposições hoje abriga fotos do projeto Home - Nosso Planeta, Nossa Casa, filme do francês Yann Arthus-Bertrand, que conquistou o público quando foi veiculado na internet. No site YouTube, o longa já foi rodado mais de 2,2 milhões vezes nas suas versões em francês, alemão, árabe, espanhol e português. O filme tem como objetivo conscientizar sobre problemas ambientais e encorajar o maior número possível de pessoas a agir em defesa do planeta.

Home está em cartaz no terceiro andar da Matilha. Com 68 lugares, som estéreo, e projetor de 35 mm, a sala de projeção do centro não deve nada aos melhores cinemas da cidade. Tem poltronas largas e espaçosas. E o melhor: o espectador não paga ingresso. "Nosso espaço não tem fins lucrativos", diz Demétrio Portugal, de 33 anos, coordenador de Projetos da casa. "Queremos divulgar o trabalho de artistas independentes."

Em setembro, houve por exemplo, uma exposição inédita de shapes de skate. "Reunimos desenhos feitos na prancha nas décadas de 70, 80, e 90", conta o fotógrafo Fábio Amadi, de 35 anos, curador da exposição. "Junto com a mostra passamos no cinema o documentário com os artistas mais importante desse tipo de arte. E no café rolou a trilha sonora do filme."

"A casa também será locada para eventos privados e, nesse caso, a renda deve ser revertida para financiar os projetos culturais e socioambientais", conta Portugal. Até a estrutura do prédio foi concebida pensando nos valores que a Matilha divulga. A madeira das escadas, por exemplo, é reaproveitada de postes de luz elétrica; a tinta das paredes, à base de terra. Caixas d"água foram construídas para reaproveitar a chuva, que fica ali estocada e depois irriga as plantas nos dias secos. Até a lixeira da casa foi elaborada com pneus usados.

O INÍCIO

O idealizador do projeto é o cineasta Ricardo Costa, de 34 anos, paulistano vegetariano desde os 15 anos, hoje, dono da Olldog, uma produtora que está no mercado desde a década de 90. "A minha agência sempre teve uma pegada socioambiental. A Matilha é uma extensão do que já fazíamos de alguma forma", diz Costa.

E para que os trabalhos no centro não perdessem o foco, os profissionais foram escolhidos a dedo. A diretora da Matilha, Rebeca Lerer, foi durante mais de dez anos a coordenadora da área de clima e energia do Greenpeace. "Transformamos o prédio numa espécie de showroom de pequenas tecnologias", diz Rebeca. "Elas estão ao alcance de todos, e fazem diferença se encapadas por um número maior de pessoas." Na casa, estão proibidos os copos descartáveis, e tudo o que é possível se compra a granel.

OESP, 03/10/2009, Metrópole, p. C8

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