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Mato Grosso vê desmate cair em 2006, diz grupo

FSP, Ciência, p. A16
28 de Dez de 2006

Mato Grosso vê desmate cair em 2006, diz grupo
Taxa desacelerou entre agosto e outubro deste ano em relação aos dois anteriores
Segundo dados do Imazon, apenas 8% da derrubada foi legal; assentamentos de reforma agrária concentram 24% da devastação ilegal

DA REDAÇÃO

O ano de 2006, quem diria, termina com uma boa notícia para o Estado campeão de desmatamento na Amazônia. Medições feitas por um grupo de pesquisadores de Belém e publicadas hoje mostram que a derrubada de árvores em Mato Grosso caiu no segundo semestre, período mais crítico de devastação, e deve continuar caindo em 2007.
Os dados são do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), ferramenta criada pela ONG de pesquisas Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) para monitorar a cobertura florestal em tempo real. Eles indicam que, em outubro, o desmate caiu 59% em Mato Grosso em relação a setembro. Numa comparação com outubro de 2004 e 2005, a queda foi de 45% e 73%, respectivamente.
O trimestre agosto-setembro-outubro teve também uma média de remoção de floresta na Amazônia mato-grossense menor do que nos dois outros anos para os quais existem dados do SAD. Isso é importante, afirmam os pesquisadores, porque é justamente esse o trimestre crítico para o desmatamento. Com as chuvas, que começam a cair no fim do ano, o ritmo da destruição arrefece até abril do ano seguinte. Se a tendência for seguida, o "ano fiscal" do desmatamento que vai de agosto de 2006 a julho de 2007 terá queda na taxa.
"Pode ser, no entanto, que após abril [a derrubada] cresça muito mais rápido", acautela-se Adalberto Veríssimo, co-autor do estudo.
Ele diz não ser possível ainda determinar as razões da queda -que podem passar pela crise do agronegócio em 2006, por ações de fiscalização do governo e pela relativa moralização da Sema, o órgão ambiental estadual, reformado após a Operação Curupira, em 2005.
"É simplista achar que é só ação do governo de um lado e o mercado do outro", diz Veríssimo. "A verdade é que temos muito pouca informação ainda", continua, citando como exemplo o fato de que o SAD não monitora as áreas de cerrado. "Não sabemos se a pressão sobre o cerrado aumentou."
Apesar da queda na taxa, 92% do desmatamento visto em Mato Grosso em outubro foi ilegal. Quase um quarto dessa derrubada clandestina foi feita em assentamentos rurais.
Usando dados do Inpe, o grupo do Imazon também montou um mapa das regiões críticas de desmate no Estado (veja quadro à esq.). A análise mostrou que em meros 17% da área analisada há mais de 80% de florestas em pé. Os dados estão na internet (www.imazon.org.br).

FSP, 28/12/2006, Ciência, p. A16

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