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Manejo é aposta para evitar extinção do pirarucu no Pará

Portal Amazônia - http://www.portalamazonia.com.br
Autor: Clarissa Bacellar
27 de Ago de 2014

Um estudo internacional afirma que o pirarucu (Arapaima gigas), um dos peixes da Amazônia mais consumidos da região, corre o risco de extinção no Pará. Publicado na revista internacional Aquatic Conservation: Freshwater and Marine Ecosystems, o estudo 'Understanding fishing-induced extinctions in the Amazon' foi realizado em comunidades próximas à Santarém. Investimento no manejo é uma das soluções propostas para que a espécie não seja completamente extinta.

Em entrevista ao Portal Amazônia, o coordenador do estudo e especialista em ecologia e conservação da pesca na Amazônia, Leandro Castello, afirmou que trabalha com a espécie há 15 anos e que a necessidade de estudar o pirarucu no Pará surgiu por causa da "falta histórica de pesquisa na região". Assim, entre julho e setembro de 2011 foram realizadas entrevistas com 182 pescadores de 81 comunidades paraenses sobre a pesca do pirarucu.

De alto valor comercial, o maior peixe de escama de água doce do mundo, chega a três metros de comprimento e pesa até 200 quilos quando adulto. Por causa da pesca predatória, o professor da Faculdade de Recursos Naturais e Meio Ambiente da Virginia Tech, nos Estados Unidos, constatou que em 19% das comunidades visitadas o peixe já foi extinto.

Em 57%, encontra-se ameaçado de extinção e super-explorado em 17%. No entanto, em 27% das comunidades, algumas regras de manejo são seguidas, o que aumenta a ocorrência dos peixes na região. "A escassez e até extinção do pirarucu no Pará evidencia também a necessidade de manejo", enfatizou o pesquisador.

Segundo Castello, o estudo chegou à conclusão de que os peixes maiores, como o pirarucu, seguem a teoria bioeconômica do 'fishing-down'. De acordo com a descrição, esses peixes, de acesso fácil e comercialmente muito explorados, podem ser pescados até serem extintos. A teoria clássica defende que assim que um peixe começasse a se tornar escasso por causa da exploração, os custos também aumentariam para o pescador, o que o levaria a procurar outras espécies.

No Pará a pesca do pirarucu não é proibida, como no Amazonas. O Estado amazonense segue regras como a de pescar indivíduos com tamanho mínimo (1,5 metro), do defeso (suspensão da pesca na época de reprodução) e criação de áreas de manejo, para que haja abundância da espécie.

A maior dificuldade no processo de implementação dessas técnicas, afirmou Castello, é a carência de fontes de financiamento na região. "Muito mais do que no Amazonas. E isso, junto com uma falta generalizada de apoio governamental à atividades de manejo da pesca, dificultam nosso trabalho até hoje", ressaltou. Também participaram do estudo os pesquisadores Caroline Chaves Arantes, David Gibbs Mcgrath, Donald James Stewart e Fabio Sarmento De Sousa.

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