VOLTAR

Mais Indígena: MPF/AM recebe visita de representantes de aldeias yanomamis

MPF - http://noticias.pgr.mpf.gov.br
03 de Abr de 2013

Um grupo de quatro representantes de comunidades indígenas yanomamis que vivem ao longo do rio Marauiá, no município de Santa Izabel do Rio Negro (a 846 quilômetros de distância de Manaus), visitou a sede da Procuradoria da República no Amazonas na tarde desta segunda-feira, 1o de abril, e conversou com o procurador da República Julio José Araujo Junior. Os problemas no atendimento em saúde, a preocupação com a defesa das terras e um bate-papo sobre festas culturais e costumes yanomamis marcaram o encontro.

A visita inaugura uma série de atividades e eventos com olhar mais voltado às questões indígenas na Procuradoria da República no Amazonas (PR/AM), que serão realizadas pela instituição ao longo do mês de abril, em alusão ao Dia do Índio - 19 de abril. As ações e atividades visam estreitar ainda mais os laços que já existem entre o Ministério Público Federal e os povos indígenas e adotar medidas concretas para desmistificar, valorizar e defender esses povos em seus direitos e suas diferenças, culminando com a adesão à campanha "MPF em defesa das terras indígenas", que será realizada em todo o Brasil, no dia 19.

Acompanhados do coordenador geral da Associação Serviço e Cooperação com Povo Yanomami (Secoya), Silvio Cavuscens, os líderes yanomamis trouxeram até o Ministério Público Federal informações atualizadas sobre a situação das aldeias da região do rio Marauiá. "Estamos há mais de três anos sem um médico que atenda diretamente nas aldeias, precisamos que esse problema se resolva", relatou Carlito Iximauteri.

De acordo com Carlito, que vive com outras 122 pessoas na aldeia Ixima, faltam materiais para realizar exames preventivos periódicos e medicamentos para tratar os recorrentes casos de malária e outras doenças. "Recentemente uma criança de três anos quase morreu por ausência de soro antiofídico para picada de surucucu, em uma aldeia que fica na cabeceira do rio. Tiveram que usar o de jararaca porque era o único que tinha", contou.

O papel do MPF em relação ao povo yanomami foi definido pelos representantes da etnia durante a visita à sede da instituição no Amazonas como o de "amigo", a quem se pode recorrer diante dos problemas enfrentados pelos povos indígenas. "Nas nossas reuniões, sempre que aparece um problema a gente sempre pensa: tem que mandar para o Ministério Público, eles têm que saber o que está acontecendo. Para nós, o Ministério Público é um amigo", descreveu Hipólito Pukimapiweteri, da aldeia Pukima Beira.

Festas, crenças e ritos - As tradições culturais e místicas yanomamis também marcaram a conversa durante a visita à sede da PR/AM. A morte, por exemplo, que para os não-índios é motivo de recolhimento e tristeza, para os yanomami é motivo de festa e reunião de todas as tribos, contou Carlito Iximauteri. "As mulheres cantam até meia noite, depois os homens cantam e dançam até amanhecer, todos pintados e enfeitados", explicou. Silvio Cavuscens acrescentou ainda que não deixa de ser uma cerimônia fúnebre, mas não tem a mesma conotação de outros povos.

O representante da comunidade Pohoroa, Batista Yanomami, contou que está se preparando para ser pajé. Na escola de pajés, segundo ele, os aspirantes têm várias lições a aprender e segredos da prática milenar da cura pelo poder dos espíritos. "A gente inala o caxiri para ter contato com a sabedoria dos espíritos de cura, conhece o uso das plantas e ervas", disse. Para Pohoroa, a proximidade da comunidade onde ele vive com a serra que leva até o Pico da Neblina é um privilégio para um aspirante a pajé, já que lá, segundo a crença yanomami, estão localizadas as cavernas sagradas onde habitam espíritos protetores.

Amazonas é + Indígena - Com base nos dados do Censo 2010, o Instituto Brasileiro da Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a população indígena no país cresceu 205% desde 1991. Atualmente, o grupo atinge 896,9 mil, tem 305 etnias e fala 274 idiomas. Segundo a pesquisa, a maior concentração populacional indígena reside no Amazonas, com 168,7 mil pessoas (20,6%), e a menor no Rio Grande do Norte, com 2,5 mil pessoas (0,3%).

O Censo aponta ainda que a população dos índios tikunas, com 46.065 mil pessoas, é a maior entre as etnias do país, ultrapassando a população dos guarani-kaiowá, com 43.401 pessoas. Os tikunas representam 6,8% da população indígena do Brasil. Outras quatro etnias que vivem em território amazonense também estão entre as 15 mais populosas do Brasil: yanomami (que também ocupa o território do Estado de Roraima), sateré-mawé, mundurucu e mura.

http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_indios…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.