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Maia diz a Salles que referência irônica ao Greenpeace é 'ilação desnecessária'

G1 - https://g1.globo.com/politica/noticia
24 de Out de 2019

Maia diz a Salles que referência irônica ao Greenpeace é 'ilação desnecessária'
Ministro do Meio Ambiente disse ser 'coincidência na vida' navio da ONG ter navegado 'na época do derramamento de óleo' no Nordeste. Greenpeace disse que é 'mentira' e 'cortina de fumaça'.

Por Filipe Matoso e Fernanda Vivas, G1 e TV Globo - Brasília
24/10/2019 18h54

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se dirigiu nesta quinta-feira (24) ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para dizer que Salles fez uma "ilação desnecessária" ao publicar mensagens irônicas sobre o Greenpeace.

Ricardo Salles publicou uma mensagem em uma rede social na qual disse ser uma "coincidência na vida" um navio da ONG ter navegado "na época do derramamento de óleo" em praias no Nordeste. O óleo já atingiu mais de 200 pontos na região e, segundo o Greenpeace, Salles divulgou uma "mentira" - leia mais abaixo.

"Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano...", publicou o ministro do Meio Ambiente.

Pouco tempo depois, Rodrigo Maia publicou uma mensagem afirmando esperar um posicionamento oficial do Ministério do Meio Ambiente sobre o assunto.

Ricardo Salles, então, publicou uma mensagem direcionada a Maia na qual afirmou: "Presidente, o navio do Greenpeace confirma que navegou pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e assim como seus membros em terra, não se prontificou a ajudar."

Rodrigo Maia, na sequência, respondeu a Ricardo Salles: "Ministro, obrigado pela resposta, mas o seu tuíte faz uma ilação desnecessária."

Na mesma linha, o líder do Cidadania, Daniel Coelho, afirmou que autoridades "não podem insinuar", acrescentando que, se o ministro tem provas, "apresente e prenda os responsáveis".

"Autoridades públicas não podem insinuar. Se o ministro @rsallesmma tem provas da culpa sobre o derramamento de óleo, apresente e prenda os responsáveis. Ficar só na ilação vazia é zombar do sofrimento do povo nordestino com tudo que aconteceu. #greenpixe #Greenpeace", publicou o parlamentar.

Na tarde desta quinta-feira, em Sergipe, Ricardo Salles cobrou do Greenpeace explicações sobre o caso.

O que diz o Greenpeace
Em nota, a ONG afirmou que o ministro do Meio Ambiente tenta criar uma "cortina de fumaça" e ataca a entidade com uma "mentira".

"Enquanto o óleo continua atingindo as praias do Nordeste, o ministro Ricardo Salles nos ataca insinuando que seríamos os responsáveis por tal desastre ecológico. Trata-se, mais uma vez, de uma mentira para criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade de Salles em lidar com a situação", afirmou o Greenpeace.
O navio a que Salles se referiu, de acordo com o Greenpeace, é o Esperanza, que faz parte de uma campanha internacional que denuncia ameaças aos mares.

Íntegra
Leia a íntegra da nota do Greenpeace:

Consideramos a situação do óleo no Nordeste extremamente grave. Estamos participando dos esforços, apoiando o trabalho das populações locais e ajudando com nossas equipes de voluntários. Cobramos ainda responsabilidade das autoridades com relação a exposição das pessoas que arriscam a saúde ao lidar diretamente com as substâncias tóxicas. Portanto, as acusações do Ministro não correspondem à realidade. O Greenpeace está ajudando a combater os impactos gerados por esse vazamento e cobrando ações.

Tomaremos todas medidas legais cabíveis contra todas as declarações falsas do Ministro Ricardo Salles. As autoridades têm que assumir responsabilidade e responder pelas suas obrigações e declarações à luz do Estado de Direito.

O Esperanza é um navio híbrido, com capacidade de transporte de 40 passageiros, para fins de pesquisa e expedição de documentação. Por ser um navio de pesquisa, ele não pode navegar em águas brasileiras sem autorização da Marinha, que exige, em média, 180 dias para conceder essa autorização. Além disso, a Marinha também exige que a solicitação seja via instituto ou universidade brasileira, e o inventário de todos os equipamentos técnicos do navio. Assim, sem a possibilidade do navio vir ao Brasil, e distante da costa, o Esperanza seguiu o plano de continuar sua missão na campanha global Proteja os Oceanos.

Com 72 metros de comprimento, o navio não tem estrutura para fazer transporte de material como óleo, que teria, inclusive, de ser autorizado. O combustível utilizado no Esperanza é Diesel - com capacidade para carregar 400 metros cúbicos - porém na maior parte do tempo navegamos de modo elétrico.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/10/24/maia-diz-a-salles-que-…

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