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Madeireiros protestam. Estado vai interferir.

O Liberal-Belém-PA
24 de Jul de 2003

Empresários e trabalhadores do setor madeireiro fecharam a avenida Conselheiro Furtado, em Belém, em frente ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ontem de manhã. Fazendo muito barulho, eles tentaram pressionar o órgão a voltar atrás na decisão de suspender a liberação de projetos de exploração e de Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPF). O argumento é de que haverá demissões e perdas econômicas para o Estado.

O protesto reuniu trabalhadores de Icoaraci, Ananindeua e Marituba, arregimentados pela Federação dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário dos Estados do Pará e Amapá (Fetracompa). Segundo o presidente da entidade, foram mobilizadas cerca de 2 mil pessoas.

Essa foi a segunda manifestação promovida pelo setor no Pará desde a suspensão. Na semana passada, a rodovia PA-150 foi bloqueada pelos madeireiros. No protesto de ontem, os empresários voltaram a acusar o Ibama de burocratizar o controle da exploração madeireira. Há uma semana, o órgão suspendeu a emissão de ATPFs e a análise de projetos florestais.

Com o movimento, o setor pretende forçar o órgão a suspender a circular proibitiva e cumprir a instrução normativa que estabelece quais documentos são necessários para a ter o projeto avaliado. Reivindicam ainda o cumprimento de um acordo entre Ibama, Incra e Iterpa, intermediado pelo Ministério Público Federal, que estabelece a relação de documentos fundiários.

O diretor executivo da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Pará (Aimex), Roberto Pupo, acusa o Ibama de romper o acordo unilateralmente. O órgão também é acusado de contribuir para a decadência do setor a partir das perdas de receita e de empregos. "Se se perpetuar por mais um mês e meio, as indústrias vão fechar", avisa.

Segundo Pupo, em um mês, serão perdidos US$ 20 milhões com a madeira não exportada. Por enquanto, não há estimativa da quantidade de madeira estocada por não ter autorização para transporte ou do prejuízo acumulado em uma semana.

Emprego - Informações não confirmadas davam conta de que as demissões já teriam começado em Breves. A informação é do presidente da Fetracompa, Agnaldo Alcântara que não revelou os nomes das empresas. A perda seria de 600 empregos.

Segundo Alcântara, o setor madeireiro emprega cerca de 80 mil trabalhadores de forma direta e outros 200 mil de forma indireta. Ele afirma que o medo de demissão em massa foi o que levou a entidade a apoiar os empresários. "A nossa expecatativa é zerar o emprego no setor. A ATPF é fundamental", comentou o presidente de uma das sete entidades representativas dos trabalhadores organizadoras do protesto também promovido por sete entidades sindicais patronais, mais a Aimex e a União das Entidades Florestais do Pará (Uniflor).

A mobilização contou com o apoio do deputado Bosco Gabriel e do prefeito de Paragominas, Sidney Rosa, ambos madeireiros.O gerente executivo regional do Ibama, Marcílio Monteiro, chegou a discursar no alto do carro som, mas as explicações não convenceram os ouvintes que o vaiaram. Na semana passada, o diretor nacional de florestas do Ibama, Antônio Carlos Hummel, disse que os planos permanecerão suspensos até o aval técnico e jurídico sobre a posse dos terrenos.

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