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Lula quer prêmio por redução do desmatamento

OESP, Economia, p. B11
06 de Jun de 2007

Lula quer prêmio por redução do desmatamento
Presidente vai propor ao G-8 compensação ambiental para países emergentes que também evitarem queimada

Denise Chrispim Marin

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu marcar sua participação na Cúpula do G-8, na sexta-feira, com a proposta de criação de um mecanismo de compensação aos países em desenvolvimento pela redução do desmatamento. Lula agregará a pauta a seus esperados discursos em favor da disseminação do uso dos biocombustíveis e da conclusão da Rodada Doha.

O G-8 (grupo das sete economias mais desenvolvidas mais a Rússia) começa hoje, em Heiligendamm, na Alemanha, e terá a mudança climática como tema principal. Na sexta-feira, serão agregados ao grupo os líderes de cinco países emergentes (África do Sul, Brasil, China, Índia e México) e de países africanos convidados.

A proposta do mecanismo foi testada pelo Brasil durante a Conferência das Partes sobre o Clima, em Nairóbi, Quênia, no fim de 2006. Prevê a criação de um fundo para estimular ações de combate a desmatamentos e a queimadas no mundo em desenvolvimento. O Brasil e outros países médios seriam beneficiados com parcerias em projetos. Os mais pobres, com a injeção direta de recursos.

Oportuna para o Brasil, a apresentação da proposta terá a função de provocar nova discussão mundial em torno de uma idéia do presidente Lula - tática que prevaleceu nas suas ações anteriores em favor do combate à fome e à pobreza.

ESMOLA

Para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o encontro entre a cúpula do G-8 e as principais economias emergentes deixará claro que esse mecanismo de discussão de temas mundiais 'vai ter de caminhar para um G-13 ou G-12', com a adesão formal de novos sócios emergentes. O ministro acrescentou, porém, que o Brasil não 'vai mendigar participação na mesa dos poderosos' e prefere esperar um movimento natural de expansão. 'O G-8 se mostra, hoje, mais estruturado. Ao longo dos anos, deu-se conta de que é fundamental para os próprios sócios ter os emergentes como parceiros. Como poderiam hoje discutir a economia sem a presença da China?'

A visita oficial do presidente Lula a Nova Délhi, encerrada ontem, tenderá a reforçar as posições comuns entre Brasil e Índia sobre a Rodada Doha nos debates sobre esse tema, que se darão durante almoço de trabalho. Os dois países lideram o G-20, grupo de economias em desenvolvimento que negocia em conjunto o capítulo agrícola. A expectativa do Itamaraty é a de que, da reunião ampliada do G-8, saiam manifestações políticas capazes de estimular os países desenvolvidos a fazer as concessões na área agrícola.

Por questões políticas, a Rodada terá de ser encerrada neste mês. No dia 11, em Genebra, na Suíça, os ministros do G-20 começarão a preparar o grupo para o encontro, marcado para o período de 19 a 22 de julho. Nesse momento, EUA, União Européia, Brasil e Índia tentarão costurar o acordo. Para Amorim, a insistência do ministro da Índia, Kamal Nath, em manter posição contrária a concessões dos países em desenvolvimento não prejudica a coordenação com o Brasil.

OESP, 06/06/2007, Economia, p. B11

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