OESP, Nacional, p.A12
03 de Set de 2004
Lula proibirá extração de diamantes em reserva
Decreto prevê operação para manter garimpeiros longe da Roosevelt, entre Rondônia e Mato Grosso
Leonencio Nossa
BRASÍLIA - Chegou ontem à tarde ao Palácio do Planalto o texto de um decreto elaborado pelo Ministério da Justiça que acaba com a extração de diamantes na reserva indígena Roosevelt, entre Rondônia e Mato Grosso, segundo interlocutores da Presidência. A proposta prevê uma megaoperação das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal na área para garantir o cumprimento da lei. Alguns homens do Serviço de Inteligência e agentes federais já estão atuando na área há semanas, rastreando os passos dos supostos cabeças do esquema de exploração de diamantes.
O texto do decreto, que está na Casa Civil sendo analisado por assessores jurídicos, sustenta que só a União tem direito de explorar o subsolo das áreas indígenas - e deve ser assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. "Vai acabar a farra", disse uma das fontes ligadas ao projeto, para a qual "garimpeiros, índios e empresários não retiram nenhum diamante, daqui para frente, na reserva Roosevelt".
Empresas - Um estudo feito pelo governo a partir de relatórios da Polícia Federal indica que pelo menos três empresas estrangeiras fazem estudos e extraem diamantes na reserva indígena. Uma delas é canadense e conta com um site na internet onde fala de sua atuação em Rondônia. A Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) já têm os nomes de políticos, empresários locais e empresas que atuam no milionário esquema de envio ilegal de diamantes para os Estados Unidos e países da Comunidade Européia. O esquema criminoso conta com a participação de lideranças indígenas. Um dos casos que chamaram a atenção do governo foi o da venda de um diamante de 100 quilates para um americano. Comprado por R$ 100 mil em Porto Velho, o diamante foi revendido por US$ 7 milhões em Nova York. A PF e a Abin estão concluindo o organograma das operações de venda. Interlocutores dizem que o caso ainda trará surpresas, com nomes de pessoas importantes envolvidas no negócio.
OESP, 03/09/2004, p. A12
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