O Globo, Ciência e Vida, p. 34
28 de Mar de 2006
Lula critica pagamento de ônus ambiental pelos pobres
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem os países industrializados que gastam fortunas para proteger as fronteiras mas pouco ajudam as nações pobres. Ele considerou inaceitável que os pobres sofram a degradação ambiental imposta pelos ricos, durante discurso na 8 Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), em Curitiba.
- Não é aceitável que países mais pobres continuem a sofrer o principal ônus da degradação ambiental resultante de padrões insustentáveis de produção e consumo determinados por nações industrializadas - disse.
O presidente elogiou as atitudes tomadas nos últimos anos na defesa do meio ambiente e os que no passado foram chamados de "populistas, loucos, demagogos e irresponsáveis" que, afirmou, se tivessem se intimidado e aceitado as pressões, não teriam transformado suas posições em políticas de Estado.
O presidente citou os esforços do governo brasileiro para uma "agenda incontornável de regeneração humanista e ambiental do desenvolvimento". Segundo ele, no período de 2004 a 2005 houve uma redução de 31% nos índices de desmatamento da Amazônia, "a primeira queda em nove anos".
Lula lembrou dados que mostram que 25% dos habitantes mais ricos do planeta consomem 80% dos recursos. Ele reconheceu que há muito a fazer e pediu que os ambientalistas não desistam de reivindicar.
- Muitas vezes assinamos muitos protocolos em muitos lugares do mundo. Eles não deixam de ser meros protocolos porque os proponentes estão subordinados a uma pressão maior do que ambientalistas podem fazer, a pressão do desenvolvimento e do poder econômico local e internacional.
O Globo, 28/03/2006, Ciência e Vida, p. 34
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