VOLTAR

Lentidão do BNDES compromete BR-163

Valor Econômico, Empresas, p. B3
27 de Jan de 2016

Lentidão do BNDES compromete BR-163

Murillo Camarotto

Considerado o "filé mignon" da terceira rodada de concessões de rodovias, realizada em 2013, o trecho da BR-163 que atravessa o território do Mato Grosso rumo à região Norte do país poderá ter sua duplicação comprometida se o governo não liberar o empréstimo prometido à Rota do Oeste, concessionária controlada pela Odebrecht responsável pela administração da estrada.
Na segunda-feira, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que em 2015 os seus desembolsos caíram 28% em relação ao exercício imediatamente anterior. Na região Centro-Oeste, onde fica o trecho concedido à Rota do Oeste, o recuo foi um pouco maior: 40%.
O tombo poderia ser atenuado caso a instituição tivesse cumprido a promessa de liberar os cerca de R$ 15 bilhões referentes aos empréstimos de longo prazo de três concessionárias: Rota do Oeste (Odebrecht), Via 040 (Invepar) e Concebra (Triunfo). Juntas, as empresas administram quase 3 mil quilômetros de estradas.
Diante da demora na liberação dos financiamentos, as concessionárias seguem tocando as obras com recursos próprios, mas o quadro começa a ficar insustentável. O BNDES prometeu entregar os recursos até o fim do ano passado, mas o repasse ainda não ocorreu.
No caso da Rota do Oeste, a Odebrecht já injetou R$ 1,2 bilhão na duplicação de 117 quilômetros da BR-163, também chamada de "Rodovia da Soja". O dinheiro saiu do bolso da empresa e também de empréstimos-ponte que deveriam ser quitados com o dinheiro vindo do BNDES. A primeira fase da duplicação já está perto de ser concluída, mas o empréstimo ainda não saiu.
"Caso o cronograma repactuado não seja cumprido, o projeto de transformação da "Rodovia da Soja", que prevê a BR-163 duplicada até 2019, pode ser comprometido", afirmou a concessionária, em nota enviada ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.
No documento, o diretor-presidente da Rota do Oeste, Paulo Meira Lins, disse que a empresa cumpriu todos os itens do contrato e que irá concluir a duplicação dos 117 quilômetros no primeiro trimestre deste ano. Isso representa cerca de 25% do trecho total a ser duplicado, que soma 450 quilômetros.
"Mas, para o futuro, o sucesso da concessão depende da aprovação do empréstimo de longo prazo, sem dúvidas ", afirmou o executivo. Ao todo, a empresa projeta R$ 6,8 bilhões em investimentos ao longo dos 30 anos de concessão, dos quais, R$ 3,9 bilhões serão aplicados nos primeiros cinco anos, prazo para a entrega das obras de duplicação.
Com investimentos de porte semelhante, as outras duas concessionárias também aguardam a liberação dos empréstimos. Responsável por um trecho de um mil quilômetros que compreende as BRs 050, 163 e 262, a Concebra preferiu não se pronunciar. Por meio de sua assessoria de comunicação, a empresa informou apenas que continua esperando pelo dinheiro do BNDES.
Na mesma linha, a Via 040, concessionária que cuida do trecho da BR-040 entre Brasília e Juiz de Fora, também preferiu o silêncio. Já o banco federal manteve a posição adotada desde o ano passado: "O BNDES continua trabalhando junto às concessionárias para viabilizar a contratação dos financiamentos."

Valor Econômico, 27/01/2016, Empresas, p. B3

http://www.valor.com.br/empresas/4411526/lentidao-do-bndes-compromete-b…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.