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Leilão falha em vender energia de hidrelétricas

FSP, Mercado 2, p. 4
29 de Nov de 2014

Leilão falha em vender energia de hidrelétricas
Dois projetos entraram no pregão, mas não encontraram compradores
Usinas térmicas concentraram negócios, mas representaram 9,4% do total de energia oferecida

MACHADO DA COSTA DE SÃO PAULO

O governo conseguiu atingir em parte os objetivos traçados para o leilão realizado nesta sexta-feira (28), que vendeu energia de projetos previstos para operar apenas em 2019. O principal propósito, a venda das hidrelétricas, não foi alcançado.
O pleito comercializou 2.742 MW --cerca de 2% da capacidade instalada atualmente no país--, sendo, em sua maioria, de projetos de usinas termelétricas.
O volume negociado representou 9,4% do total disponibilizado no leilão.
Há poucos dias do pleito, dois de quatro empreendimentos hidrelétricos foram impedidos de participar por não terem conseguido as licenças ambientais prévias.
O governo já havia adiado a realização do pleito por duas oportunidades para que as hidrelétricas ganhassem tempo e conseguissem as licenças. Porém o esforço não valeu de nada.
As únicas hidrelétricas oferecidas no pregão foram Itaocara (RJ) e Perdida 2 (TO). Ambas não conseguiram vender sua energia e agora precisarão de um novo leilão para poderem sair do papel.
A pouca energia hidrelétrica vendida foi a de três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que comercializaram 23,7 MW.
Segundo José Carlos Miranda, diretor da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a crise hídrica explica a frustração da venda dos projetos de usinas hidrelétricas.
"Sempre trabalhamos para viabilizar os projetos hidrelétricos. Talvez essa não seja a única explicação, mas a mais provável", afirmou.
As usinas termelétricas venderam 2.303 MW, sendo 1.700 MW de fontes à gás, 294 MW a carvão e 310 MW a biomassa. Ao todo, foram 12 projetos vendidos.
USINAS TÉRMICAS
A venda de térmicas era um objetivo secundário do governo no leilão.
Há três anos não eram contratados empreendimentos termelétricos.
Embora tivessem sido ofertados 8.082 MW, a venda de 21% do total indica que parte do propósito do leilão foi alcançado.
Os empreendimentos eólicos também tiveram boa aceitação, comercializando 415 MW de 36 projetos. Já fotovoltaica encontrou mais dificuldade e não conseguiu comercializar energia.
Os preços médios para cada fonte ficaram em R$ 161,89 por megawatt-hora para as PCHs, R$ 205,19 por MWh para as térmicas e R$ 136 por MWh para as eólicas.
VOLUME FINANCEIRO
Outros membros do governo que estavam presentes na divulgação do resultado do leilão chamaram a atenção para o volume financeiro negociado no pleito, cerca de R$ 114,5 bilhões.
"Esse leilão só é suplantado pelo primeiro realizado em 2004. Isso mostra o sucesso do pleito", diz Luiz Eduardo Barata, presidente da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
De acordo com André Pepitone, diretor da Aneel, o leilão alavancará investimentos da ordem de R$ 15 bilhões no setor elétrico até 2019.

Novo pleito é confirmado para janeiro
O Ministério de Minas e Energia confirmou que planeja um leilão para janeiro de 2015 a fim de evitar que distribuidoras de energia contratem energia além do necessário para o próximo ano. O leilão será feito para complementar o pleito de 5 de dezembro. A diferença é o prazo do novo leilão, de seis meses, enquanto que o outro é de três a cinco anos.
Em julho, encerram-se concessões de 33 usinas, com cerca de 4.700 MW.

ONS reduz previsão para reservatórios
DE SÃO PAULO
O Operador Nacional do Sistema (ONS) reviu sua projeção para o nível dos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste para o final de novembro, de 15,5% para 14,9%. até o fim do mês.
A região Sudeste/Centro-Oeste responde por 70% de toda a capacidade de armazenamento do país. Para os reservatórios do Nordeste, que responde por 18% do armazenamento, a previsão subiu de 11,5% para 12,6%.
O ONS vem reduzindo sistematicamente suas projeções para o Sudeste/Centro-Oeste conforme as chuvas na região se mostram insuficientes para elevar o nível dos reservatórios. Há duas semanas, a previsão era de 15,8%.
ESTADO CRÍTICO
Alguns dos reservatórios já estão em nível crítico. Os que alimentam as usinas Ilha Solteira e Três Irmãos, na junção dos rios Tietê e Paraná, estão zerados e as usinas estão gerando um terço de energia do que prevê sua capacidade.
Esses rios são responsáveis também por levar água para a usina de Itaipu, a maior do sistema. A usina continua gerando com sua capacidade máxima, porém o nível da água que chega a ela está abaixo do tolerado.
Na região Nordeste, a situação mais crítica é a da usina de Três Marias, a primeira do rio São Francisco, ainda em Minas Gerais, cujo reservatório está em 2,57%.
CURTO PRAZO
O valor da eletricidade para a próxima semana, dado pelo PLD (Preço de Liquidação das Diferenças, o valor da energia no mercado de curto prazo), por outro lado, caiu cerca de um terço em todas as regiões do país, depois de permanecer no máximo permitido para o ano desde a semana de 20 de outubro.
O motivo é a perspectiva mais favorável de chuvas na próxima semana sobre o Sudeste e o Centro-Oeste.

FSP, 29/11/2014, Mercado 2, p. 4

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/197746-leilao-falha-em-vender-…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/197747-novo-pleito-e-confirmad…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/197749-ons-reduz-previsao-para…

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