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Juruna não voa

Revista Veja (São Paulo/SP)
12 de Nov de 1980

Registrado pelo famoso gravador de Juruna, o discurso do presidente da Funai é marcado pelo esquecimento do passado histórico brasileiro. Nobre da Veiga diz ao cacique xavante "Você foi bem recebido no Brasil e, se não estiver satisfeito deve mudar-se para Bolívia", deixando de lado que foram os antepassados de Juruna que receberam os colonizadores europeus há séculos atrás.
Mário Juruna teve seu pedido de viagem à Holanda, para ser um dos jurados do Tribunal Russel, pela Funai e pelo ministro do interior, Andreazza. Juruna afirma que a proibição relaciona-se ao receio do que pode expor no exterior sobre a questão indígena no Brasil, e contesta e luta pela viagem, impetrando um recurso junto ao Supremo Tribunal Federal.
Se não conseguir o recurso, considera viajar emitindo um passaporte em nome da nação xavante, ideia proposta pelo deputado Modesto da Silveira, a partir de um precedente americano do ano passado. Entretanto, Juruna dificilmente viajará. O STF deve negar seu pedido e a dividida nação xavante não emitirá seu passaporte. A cisão Xavante ficou clara no encontro entre Juruna e três outros líderes Xavante.
Depois do encontro, o cacique jantou com intelectuais e políticos e hospedou-se em um luxuoso hotel em Curitiba e viajou à Brasília, pronto para sitiar o STF.

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