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Já perdemos metade do mel, das frutas e das plantas

Diário de Cuiabá - Cuiabá - MT
Autor: Carla Pimentel
25 de Fev de 2001

Já perdemos metade do mel, das frutas e das plantas que tínhamos. Mas, como ainda tem esse pedacinho de mata, nós queremos em troca do que já acabou, diz Myjiu Kayabi, completando: Só aqui tem tudo de que precisamos. Materiais para flechas e bordunas, coquinhos para o artesanato, alimentos, argila - tudo isso foi deixado para trás com o deslocamento ao Parque Indígena do Xingu.

O relatório elaborado pelo Instituto Socioambiental em outubro de 1999 reafirma esta reclamação e conta como se deu o processo. Segundo os pesquisadores, até os anos 40, os Kayabis ocupavam extensa faixa de terras entre os rios Arinos, Peixes (Tatuy para os índios) e médio Teles-Pires. O documento aponta que os primeiros relatos sobre a presença do povo na região foram escritos pelo viajante francês Francis de Castelnau, em 1850.

Os desafio inicial dos Kayabis, enfrentado a partir do contato com os brancos, foi a resistência à ocupação de suas terras por empresas seringalistas, que avançavam pelos rios Arinos, alto Teles-Pires e Verde, na última década do século XX. Segundo o ISA, foi nessa época que se deu início a conflitos com seringueiros, viajantes e funcionários do Serviço de Proteção aos Índios (SPI).

No século passado, o avanço do trabalho nos seringais desencadeou o processo de amansamento dos Kayabis. Em 1955, instalou-se na região a Companhia Colonizadora Noroeste Mato-Grossense - acelerando o processo de derrubada onde, mais tarde, surgiria o município de Porto dos Gaúchos. Foi nessa época que a região começou a ser fatiada em glebas.

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