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Isolux aposta em linhas de transmissão e estradas

Valor Econômico, Empresas, p. B10
07 de Fev de 2013

Isolux aposta em linhas de transmissão e estradas

Por Fábio Pupo e Cláudia Facchini

O grupo espanhol especializado em infraestrutura Isolux Corsán está se preparando para disputar novos contratos de concessão no país e ampliar sua atuação em transportes e energia no Brasil. Em entrevista ao Valor, o presidente mundial da Isolux Corsán, Antonio Portela, diz que a companhia irá analisar todos os nove editais de estradas a serem publicados pelo governo federal ainda neste ano.
O foco em transportes é o Programa de Investimentos em Logística, anunciado pelo governo no ano passado e que prevê a licitação de todos os empreendimentos de rodovias em 2013. Ao todo, os projetos exigiriam um investimento da ordem de R$ 42 bilhões, capitaneados pela iniciativa privada, sendo um total de R$ 23,5 bilhões somente nos primeiros cinco anos de concessão.
Apesar das múltiplas oportunidades no setor, a companhia dedicará esforços para conquistar somente parte dos projetos. Portela diz que o objetivo da companhia é ser majoritária nos consórcios ou ter a mesma participação dos demais sócios.
Atualmente, a área de concessões da empresa participa da operação de 680 quilômetros de rodovias no Estado da Bahia, por meio da empresa ViaBahia. A Isolux controla o negócio (com 55%), que também tem como acionistas a Encalso (23%) e a Engevix (22%) - segundo informações da associação do setor. A licitação foi vencida em 2009 e envolve o trecho da BR-324 entre Salvador e Feira de Santana e outro trecho da BR-116 entre Feira de Santana e o Estado de Minas Gerais. Ainda em fase de investimentos, a companhia gerou R$ 13 milhões de lucro líquido em 2011 no país.
Ainda na área de transportes, o presidente da multinacional descarta a ideia de ser concessionário de outros tipos de negócio, como ferrovias ou trem de alta velocidade (TAV). Mesmo assim, Portela vê com interesse a possibilidade atuar nesses projetos como um prestador de serviços na parte de construção.
A necessidade de capital, segundo o executivo, foi sanada por ora com a compra de 20% das ações da unidade de infraestrutura do grupo pelo fundo de pensão canadense Public Sector Pension Investment Board, que planeja investir cerca de 500 milhões de euros na filial de concessões. Com o aporte adicional de 100 milhões de euros feito pelo próprio grupo Isolux, a operação atingiu o valor de 600 milhões de euros em aumento de capital.
A empresa espanhola chegou a iniciar o processo de uma oferta pública inicial de ações da subsidiária de concessões, a Isolux Infrastructure, na bolsa paulistana. Mas mudou os planos e optou pela venda ao novo sócio.
Mais capitalizada, a unidade de concessões da empresa volta os interesses no Brasil também para o segmento de energia, em novos contratos de linhas de transmissão e projetos de geração de energia solar.
No Brasil, a companhia tem hoje a concessão de mais de 3 mil quilômetros de redes de transmissão de alta tensão. Seu projeto mais complexo é a construção de 1.191 quilômetros de redes de alta tensão nos Estados do Pará e Amapá na Amazônia, que sofreu atrasos. O primeiro trecho deve ser entregue no início de março e a segunda fase do linhão até maio (leia texto ao lado).
Além de concessões, o grupo espanhol atua no Brasil por meio de sua construtora - seu principal negócio em todo o mundo, ao lado dos serviços de engenharia. Executa, por exemplo, a segunda fase das obras da Linha 4-Amarela do metrô paulistano, que envolve a construção de quatro estações. O orçamento das obras é de aproximadamente R$ 640 milhões.
Em 2011, o grupo registrou em todo o mundo uma receita total de 3,37 bilhões de euros (R$ 9 bilhões, aproximadamente). Serviços de engenharia e construção respondem por 81%. Já as concessões em energia e transportes geram 10%. Outros negócios, 9%.

Licenças ambientais atrasaram linhão

De São Paulo

O presidente mundial do grupo espanhol Isolux Corsán, Antonio Portela, diz ter confiança na "compreensão" do governo federal sobre os atrasos na entrega do linhão de transmissão de energia sendo construído na região amazônica. A data de entrega da primeira etapa, segundo o presidente, é o dia 1o de março.
A linha de transmissão, com custos totais estimados em quase R$ 3 bilhões, foi levada a leilão pelo governo federal em 2008. A Isolux conquistou dois lotes do megaprojeto sozinha, sem parceiros. Inicialmente, estava previsto um prazo de 12 meses para a concessão das licenças ambientais. No entanto, disse Portela, o processo demorou 32 meses (dois anos e oito meses).
"O governo certamente entende o caráter extraordinário do projeto", afirmou o executivo espanhol, ressaltando o fato de a construção ser realizada em meio à Floresta Amazônica. O projeto, diz, é o mais desafiador e complexo que está sendo construído pela empresa no mundo.
Segundo Portela, o prazo para a conclusão, que não conta o processo de licenciamento, era de 24 meses. A Isolux, defende, terminará os trabalhos da primeira etapa, de Tucuruí a Oriximiná (ambas no Pará), quatro meses antes do prazo máximo estipulado - em 20 meses. Com isso, essa primeira etapa será concluída em 1o de março, garante Portela. Já o segundo lote, de Macapá a Tucuruí, tem previsão de entrega para maio - dois meses antes do tempo originalmente previsto para a construção, diz.
As linhas de transmissão ligarão a hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins (PA), a Macapá (AP) e Manaus (AM). A linha custou ao todo quase R$ 3 bilhões e obrigou a companhia a construir torres de até 300 metros de altura para que os fios passassem por cima das árvores. A linha também precisou cruzar o rio Amazonas.
A linha de transmissão foi licitada pelo governo federal em 2008. A Isolux venceu dois trechos, que renderão à empresa uma receita anual em torno de R$ 90 milhões para cada lote. Um trecho da linha, que liga o município Oriximiná a Manaus está sendo construído por consórcio liderado por outro grupo espanhol, a Abengoa.
Com a linha Tucuruí-Macapá-Manaus, os sistemas do Amazonas e Amapá serão conectados ao Sistema Interligado Nacional e deixarão de ser abastecidas por sistemas isolados. (CF e FP)

Valor Econômico, 07/02/2013, Empresas, p. B10

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