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Investimento escasso em energia

OESP, Economia, p.B2
03 de Abr de 2005

Investimento escasso em energia
Um ano após a promulgação do marco regulatório do setor elétrico, persistem as dúvidas sobre a autorização dos empreendimentos pelos órgãos responsáveis pelo meio ambiente e sobre o real interesse dos investidores privados por novos projetos. Parece faltar confiança na política oficial, o que eleva os riscos de colapsos, no futuro, ou de alta dos custos da energia, se for preciso recorrer à energia gerada por termoelétricas.
Aparentemente não há problema. Há, hoje, superoferta de energia no Sudeste e Centro-Oeste. Isso permite suprir o que falta no Nordeste (975 MW/h médios) e, sobretudo, no Sul do País (3.109 MW/h). Mas, com a estiagem e o rápido declínio da água armazenada nos reservatórios, notadamente no Rio Grande do Sul, começaram a ser adotadas medidas emergenciais para suprir a falta de eletricidade e o mercado spot já indica forte aumento de preços.
Situações de escassez como essa só podem ser evitadas com o aumento da capacidade de geração. Daí a preocupação com o atraso do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa) para a adição de 3,3 mil MW de energia eólica, hidrelétrica e de biomassa. Dos projetos de financiamento do Proinfa apresentados ao BNDES, a maioria foi reprovada e o programa já é tido como inviável.
Na área da biomassa, há um quadro de desperdício. Nas usinas de açúcar e álcool sobra bagaço de cana, que poderia ser transformado em energia. Em São Paulo, o potencial de aumento da oferta de energia proveniente da biomassa é de 1,5 mil MW, em 30 meses. Isso equivale a 2% da oferta total do País. Mas, para isso, o preço da energia tem de ser de interesse para o usineiro, sem o que o bagaço não será aproveitado.
Embora sem explicitar, o Ministério de Minas e Energia (MME) parece contar com o aumento dos investimentos das geradoras estatais ou, se houver risco de colapso, a partir de 2007, com o fornecimento de eletricidade pelas usinas térmicas, que já pertencem à Petrobrás ou estão sendo adquiridas pela empresa.
Mas o montante dos recursos necessários exige atrair mais investidores privados, dada a impossibilidade de as estatais terem de assumir, sozinhas, a responsabilidade pela oferta. Além de preços que remunerem o capital, o MME terá de cumprir a promessa de obter aprovação dos organismos de meio ambiente, o que não conseguiu, por exemplo, na Usina de Barra Grande, no Sul, onde 90% dos investimentos já foram feitos.

OESP, 03/04/2005, p. B2

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