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Invasões indígenas serão debatidas na Coroa Vermelha

ATLANTICA NEWS
04 de Jul de 2007

COROA VERMELHA - A polêmica dos conflitos de terras na Costa do Descobrimento será o tema principal de um encontro que acontecerá na Facdesco no dia 12 de julho, às 20 horas, quando será apresentado o Relatório Esmeralda, um estudo sobre a política indigenista na região onde começou o Brasil.O documento, resultado de estudos realizados pela antropóloga Célia Gimenez, traz um diagnóstico completo sobre a cultura e o modo de vida da comunidade pataxó, especialmente na Reserva Indígena da Coroa Vermelha, homologada pelo Governo Federal no ano 2000.

A grande questão levantada pela antropóloga é que a desapropriação das terras que compõem as reservas da Coroa Vermelha, Jaqueira e Monte Pascoal não resolveram os problemas dos índios. "Os brancos continuam dentro da Coroa Vermelha e os índios continuam vendendo ou arrendando suas propriedades. Lá dentro estão sendo feitas obras de alvenaria e vendidas bebidas alcoólicas, à revelia das leis. Não podemos fechar os olhos para o consumo de drogas, a prostituição e a degradação do local. O Parque do Descobrimento, criado no ano 2000 encontra-se totalmente poluído visualmente. Isso é uma aldeia indígena?", questiona a antropóloga.

Outra polêmica que envolve índios, produtores rurais e autoridades são as novas invasões de terras, incluindo uma área pertencente à Facdesco (Faculdades do Descobrimento), às margens da BR 367. Apesar da Justiça ter determinado a reintegração de posse da área, os índios continuam marcando posição no local, como forma de pressionar as autoridades para a demarcação de novas terras. Os índios reivindicam agora a aquisição de cerca de 10 mil hectares de terras, envolvendo 31 propriedades, numa área de abrangência que vai do Barramares ao Rio Mutary.

Tradição de comércio

"Tradicionalmente os índios da tribo Pataxó são comerciantes, desde os tempos antigos, então porque a Funai agora quer impor uma cultura agrária? Porque a necessidade de mais terras? Pataxó significa povo caminhante e eles sempre viveram da venda de mercadorias, levando de um lugar para outro", explica a antropóloga. Em relação à invasão das terras da Facdesco, ela destaca a importância de acelerar a solução do conflito, já que o local está totalmente favelizado, sem as mínimas condições de sobrevivência, sem água, nem rede de esgoto e com energia elétrica conseguida através de gatos das redes da Coelba. "Qual é o projeto para essa invasão?", questiona.

Para o encontro do dia 12, estão sendo esperados representantes dos índios, produtores rurais, imprensa, prefeituras de Porto Seguro e Cabrália, Polícia Federal e demais órgãos governamentais ligados à questão. "Precisamos dialogar. Essa mentira de que os Pataxó estavam aqui quando Cabral chegou, continua valendo para muita gente. Mas a história verdadeira pode ajudá-los a encontrar sua verdadeira identidade", declara Gimenez, propondo soluções conjuntas que atendam às necessidades dos índios, produtores rurais, estudantes, enfim de toda a comunidade da Costa do Descobrimento.

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