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Índios saem do encontro para fechar a BR-319

Gente de Opinião - http://www.gentedeopiniao.com.br
Autor: Montezuma Cruz
23 de Out de 2013

Minutos depois do encerramento do Encontro das Lideranças do Movimento Morogita/Kagwashiva, representantes de povos indígenas do sudoeste amazônico e de Rondônia começam agora a se posicionar para fechar a Rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho). A informação foi dada por Ivaneide Bandeira, da organização não-governamental Kanindé.

As lideranças encerraram na manhã de hoje o encontro no qual debateram políticas públicas para o território indígena e as 19 condicionantes da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR). O documento que resume o encontro será divulgado no início da tarde.

Reunidos em Humaitá (AM), a duzentos quilômetros de Porto Velho (RO), os índios deixaram há pouco o local do encontro, saindo em passeata desde a Universidade Federal do Amazonas. Eles interromperão o tráfego na rodovia à altura da sede da Associação Atlética Banco do Brasil. Protestarão contra propostas de emendas constitucionais e projetos de lei considerados prejudiciais aos povos indígenas brasileiros, hidrelétricas de Tabajara, Belo Monte e Complexo do Madeira (Jirau e Santo Antônio).

No Xingu, a situação de saúde dos povos indígenas é delicada, informa a Rádio CBN. "Se em 1965 doenças como a malária, as infecções respiratórias e a diarreia eram as principais causas de morte de índios no Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso, hoje a doença de maior incidência entre eles é a hipertensão arterial", informa a emissora, com base em levantamento feito pelo Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (USP), apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado e do Projeto Xingu.

É grave

"Atualmente, a malária está sob controle. Embora as doenças infecciosas e parasitárias ainda sejam relevantes em termos de mortalidade, são os males crônicos não transmissíveis, como a hipertensão, a intolerância à glicose e a dislipidemia, que mais cresceram nos últimos anos entre os índios da região", divulga a USP.

Para essa pesquisa foram entrevistados e examinados 179 índios khisêdjês, moradores da área central do Parque do Xingu, no período de 2010 a 2011. A análise dos resultados mostrou a prevalência de hipertensão arterial (10,3% do total) em ambos os sexos, sendo que 18,7% das mulheres e 53% dos homens apresentaram níveis de pressão arterial preocupantes.

A intolerância à glicose foi identificada em 30,5% das mulheres e em 17% dos homens. A dislipidemia (aumento anormal da taxa de lipídios no sangue) apareceu em 84,4% dos participantes dos dois sexos.

Em entrevista à Agência Brasil, a pesquisadora Suely Godoy Agostinho Gimeno, coordenadora do estudo Perfil Nutricional e Metabólico dos Indígenas Khisêdjê, disse que algumas alterações estão sendo constatadas, principalmente nos últimos 15 anos. Na pesquisa anterior, divulgada pelo grupo no começo de 2000 e feita com os mesmos índios, a doença mais relevante era a dislipidemia. "Era impressionante a proporção [de dislipidemia]. Muito maior que nos estudos que se faz com população não indígena", disse ela.

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