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Índios Parakanã pedem retirada de invasores de suas terras

Procuradoria da República no Pará
Autor: Helena Palmquist
10 de Jul de 2007

Em visita a duas aldeias da recém-homologada reserva indígena Apiterewa, , procurador da República em Altamira ouviu depoimentos de invasões e ameaças.

O procurador da República em Altamira, Marco Antonio Delfino de Almeida e uma equipe de técnicos do Ministério Público Federal visitaram três aldeias indígenas para checar os principais problemas vividos pelos povos Parakanã - das aldeias Apiterewa e Xingu - e Araweté - da aldeia Iagarapé-Ipixuna.

O problema mais grave é o vivido pelos Parakanã, que recentemente conquistaram a homologação de sua reserva, com 700 mil hectares, mas ainda convivem com ameças de invasores não-índios que insistem em retirar madeira da área. Os índios contaram que estão impedidos de caçar longe das aldeias, pelo risco de se encontrarem com invasores.

"A gente precisa que tire os grileiros da área. Temos muitas crianças na aldeia e se os fazendeiros mandarem pistoleiros aqui pra atacar, a gente não tem como se defender", contou uma das lideranças. A reserva Apiterewa foi homologada no último dia 19 de abril em decreto assinado pelo presidente da República, depois de décadas de conflito entre índios e fazendeiros. Junto com as reservas Igarapé-Ipixuna, do povo Araweté, e Koatinemo, do povo Assurini, a Apiterewa forma uma área de mais de 2 milhões de hectares de terras indígenas contíguas com floresta relativamente preservada, entre os municípios de Altamira e São Félix do Xingu.

Em sobrevôo na região, o procurador Marco Antonio observou clareiras na mata, fruto da atividade de fazendeiros invasores, principalmente na Apiterewa. Todos os pontos de invasão estão sendo mapeados e registrados para posterior retirada dos intrusos.

"A maior parte dos invasores chegou recentemente, depois da demarcação da reserva e não há duvidas de que estão irregulares, porque os limites geográficos são bem definidos pelos igarapés Bom Jardim e Sebastião. Então essas pessoas sabem que terão que sair", explica o procurador Marco Antonio. Ele explicou aos índios que vai solicitar apoio da Polícia Federal para garantir a desintrusão da reserva.

De acordo com o administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Altamira, Benigno Marques, que acompanhou a visita do Ministério Público Federal, alguns invasores têm apoio de políticos da região de São Félix do Xingu e resistem em se retirar, mesmo sabendo que não há possibilidade de conseguirem direitos sobre as terras.

Araweté -

Além das aldeias Xingu e Apiterewa, dos Parakanã, o procurador da República e o administrador da Funai também estiveram na aldeia Igarapé-Ipixuna, do povo Araweté, onde também moram cerca de 360 indivíduos, incluindo muitas crianças. O procurador vistoriou, em todas as aldeias, a aplicação dos recursos de saúde e educação e os investimentos em saneamento e em projetos de sustentabilidade.

Através do Fundo Dema, formado por verbas obtidas com a apreensão de madeira retirada ilegalmente, as aldeias Parakanã estão instalando equipamentos para retirar óleo de castanha do Pará e revender, o que reverteria em lucro sete vezes maior do que a venda da castanha in natura. O MPF em Altamira fiscaliza a instalação do projeto, que prevê ainda a criação de pequeno rebanho de gado leiteiro para as aldeias.

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