VOLTAR

Índios Pankararus vivem em aldeia de Mauá

Diário do Grande ABC-São Bernardo-SP
Autor: Sucena Shkrada Resk
31 de Mar de 2002

Anônimos em uma aldeia urbana, uma dezena de famílias de índios pankararus vivem na região do Jardim Sônia Maria, em Mauá. Com pele morena e poucos traços parecidos com as imagens estereotipadas dos índios, eles se misturam na multidão, e tentam manter suas raízes com dificuldade, sem dispor de uma reserva própria em São Paulo.
Na Região Metropolitana, eles hoje são cerca de 950 índios e 365 famílias, que vivem principalmente em favelas e conjuntos habitacionais nos bairros Real Park, Capão Redondo e Campo Limpo, na capital, Taboão da Serra e Guarulhos.

A etnia se concentra na aldeia Brejo dos Padres, em Pernambuco, e em parte dos municípios de Tacaratu, Petrolândia e Jatobá, a 430 km de Recife.

Segundo o presidente da Associação SOS Indígena Pankararu, Frederico Marcionilo de Barros, a migração dos primeiros pankararus a São Paulo começou em 1955, quando os índios vieram atrás de trabalho. O objetivo era servir de mão-de-obra na construção do estádio do Morumbi. "Com o passar dos anos, o desemprego fez com que muitos vivessem em favelas."

Assegurar a manutenção das raízes culturais tornou-se a principal dificuldade enfrentada pelos pankararus e seus descendentes, fruto de uniões com pessoas que não integram a etnia (até a sétima geração, os descendentes são considerados índios). "A nossa principal perda é a língua, que começou no período da colonização, e por isso temos dificuldade de resgatar o nosso dialeto. Ainda enfrentamos a falta de espaço físico para podermos realizar nossos cultos e tradições comuns na aldeia."

Preservar a identidade cultural é o que mantém o ânimo de viver da pankararu Maria Edivirgens dos Santos, 66 anos, e seu marido, João Batista dos Santos, 65, que moram no Jardim Sônia Maria. Saíram de Brejo dos Padres em direção a São Paulo foi em 1965. Dessa época até hoje, quando a saudade bate, voltam à aldeia. "O que nos prende a Mauá são os nossos sete filhos. Mas é difícil se acostumar fora da reserva", disse Edivirgens.

A negociação de uma área de 120 alqueires em de Miracatu, a cerca de 120 quilôme-tros da capital, é apontada por Barros como "a luz no fim do túnel" para os pankararus enraizados em torno da capital. O pedido tramita na Funai (Fundação Nacional do Índio). "Acredito que 70% dos pankararus que vivem em São Paulo irão para lá. A terra foi oferecida por um médico. Dessa forma, poderemos voltar a fazer nosso artesanato, nossos chapéus esteiras e pilões de barro."

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.