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Índios ocupam sede da Funai em Paulo Afonso

Correio da Bahia
16 de Nov de 2007

Cerca de cem índios das tribos kiriri e kaimbé, procedentes dos municípios de Banzaê e Euclides da Cunha, ocupam desde anteontem a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Paulo Afonso, distante 450km de Salvador. Eles reivindicam da Funai de Brasília a exoneração do servidor João Vasconcelos Valadares, administrador do órgão no município. Os índios alegam que Valadares não vem repassando os recursos enviados pelo governo federal para investimentos nas atividades agrícolas das tribos.

Segundo o cacique Marcelo de Jesus, da tribo Kiriri, o problema foi descoberto em 27 de setembro, durante uma visita dos índios a Brasília. "Fomos reivindicar os recursos e ficamos sabendo que eles já tinham sido repassados. Quando dissemos que o dinheiro não chegou, até os funcionários ficaram chocados", conta.

O cacique alega que a tribo dos kiriris recebeu apenas 200 litros de óleo diesel e R$2mil para compra de sementes, mas o orçamento previa o recebimento de 600 mil litros de óleo e cerca de R$8 mil. A situação da tribo dos kaimbés é ainda pior. Dos cerca de R$20 mil previstos no orçamento, nada foi repassado até o momento.

"Deixamos um documento em Brasília, em setembro, e encaminhamos outro ontem (quarta-feira) pedindo a substituição do administrador. Só vamos sair daqui quando formos atendidos. Não podemos mais continuar com essa administração, que não é transparente. Ele (Valadares) já está no cargo há dez anos", disse o cacique.

Os recursos seriam utilizados para a plantação de feijão, milho e mandioca, fonte de subsistência e renda das tribos. Sem o repasse, algumas aldeias tiveram prejuízos de mais de 50% nas plantações. "A gente plantou o ano todo com recursos próprios, mas algumas famílias não têm condições de plantar e estão passando dificuldade. A situação só não está pior porque um ajuda o outro", observou o cacique da tribo kaimbé, Flávio de Jesus Dias. Ele acusa o administrador da Funai de manipular as lideranças indígenas da região, com o intuito de criar brigas e o enfraquecimento das tribos.

O cacique denuncia também a negligência de Valadares na fiscalização e apoio da gestão educacional, que é prestada aos índios pelos municípios locais. Isso porque os estudantes da tribo kaimbé passaram vários dias sem aula, por conta das paralisações ocorridas nas escolas em função das demissões dos professores. "A educação é competência das prefeituras, mas em nenhum momento, o administrador tentou intermediar a situação", denunciou. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a Funai de Paulo Afonso, ontem, durante o feriado.

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