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Índios não arredam pé da Funai

A Crítica, Cidades, p. C2
04 de Abr de 2008

Índios não arredam pé da Funai
Manifestantes só deixarão o local após ser revogada portaria que nomeou Pedro Ramos para a direção regional do órgao

Jonas Santos
Da equipe de A Crítica

Cerca de 30 índios da tribo saterê-maué continuam a ocupação no prédio da Fundação Nacional do índio (Funai), em Parintins (a 325 quilômetros de Manaus), iniciada na terça-feira. Ontem, à tarde o juiz da 3ª Vara da Comarca, Antônio Itamar de Souza Gonzaga, e da promotora de Justiça, Carla Guedes, estiveram na sede do órgão para conversar com os líderes do movimento indígena.

Os índios disseram que não irão deixar o local até que o presidente da Funai, Márcio de Meira, revogue a portaria que nomeou para a direção do órgão local o indigenista Pedro de Paula Ramos, o Pedrinho. Eles apontam para o cargo o capitão da tribo saterê, José Ferreira.

"Viemos obter informações sobre o que, de fato, está ocorrendo e recomendar que a manifestação seja pacífica para que não haja a depredação do patrimônio público. Essa atitude configura crime qualificado", afirmou o magistrado. A promotora disse que foi procurada pelo novo administrador, o qual denunciou que a manifestação estaria paralisando os serviços no órgão. "Não houve o ingresso de ação judicial. Mas estamos aqui para que a manifestação não descambe para a desordem, avaliou a representante do Ministério Público Estadual.

Na segunda-feira, os índios impediram que Pedro de Paula Ramos assumisse a. diretoria executiva regional da Funai. Eles acusam o Partido dos Trabalhadores (PT) de ingerência na indicação do administrador. Pedrinho é filiado ao partido. "Isso ficou claro aqui na cerimônia de posse. Tinha mais gente do PT do que índio na sede da Funai, protestou o presidente da Associação dos Tuxauas da Tribo Saterê-Maué (Atisma), do Rio Andirá (Barreirinha), João na indicação do administrador. Pedrinho é filiado ao partido. "Isso ficou claro aqui na cerimônia de posse. Tinha mais gente do PT do que índio na sede da Funai", protestou o presidente da Associação dos Tuxauas da Tribo Saterê-Maué (Atisma), do Rio Andirá (Barreirinha), João Ferreira Saterê. Na cerimônia de posse, as partes quase chegam às vias de fato. João informou que hoje estarão chegando das reservas indígenas, aproximadamente, 150 índios para reforçar o movimento. Na manifestação, os índios não fizeram nenhum funcionário refém.

Pedrinho diz que ato é ilegítimo

0 novo administrador da Funai, em Parintins, Pedro de Paula Ramos, o Pedrinho, disse que o movimento dos índios não é legítimo. Segundo Pedrinho, a manifestação está sendo feita apenas com a participação dos familiares de José Ferreira, que é capitão da tribo saterê. "0 movimento está sendo comandado pelo irmão, tio, sobrinho e demais parentes do José Ferreira", afirmou. 0 administrador ressaltou que o seu nome foi indicado ao presidente da Funai pelos conselhos indígenas, dentre os quais a Coiab e o Distrito Indígena dos Povos Saterê-Maué. "Todas as lideranças indicaram o meu nome a Brasília. 0 PT de Parintins e a executiva estadual do partido também aprovaram o meu nome", contes-, sou. 0 administrador disse que comunicou a ocupação dos índios ao presidente do órgão, em Brasília, pedindo providências para o ato."

Jurisdição sobre quatro municípios

A Funai de Parintins possui jurisdição, ainda, sobre os Municípios de Maués, Barreirinha e Nhamundá onde vivem, aproximadamente, 11 mil índios das etnias sateré mané, hexcariana, uai-uai e caixana. A assessoria do senador João Pedro Gonçalves informou que ele não indicou ninguém para o posto da Funai, conforme acusação do movimento.

A Crítica, 04/04/2008, Cidades, p. C2

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