Índios mantêm cem trabalhadores reféns em obra de usina no MT

Cerca de cem trabalhadores que atuam na construção da usina hidrelétrica de Dardanelos, na cidade de Airipuanã (MT), eram mantidos reféns no local no início da noite deste domingo por aproximadamente 400 índios. A invasão teve início nesta madrugada.

Segundo Antônio Carlos Ferreira de Aquino, coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Juína (MT), a usina está em construção há três anos e não ocupa área de reserva indígena. "Contudo, as obras estão sendo executadas sobre um antigo cemitério indígena, o que afeta as etnias cinta larga e arara", afirma Aquino. Outros sete tribos estariam no local em apoio àqueles grupos.

O representante da Funai disse ainda que os índios reivindicaram "a todo o tempo" estudos sobre os eventuais impactos da obra na região - sem sucesso, porém. "Como a usina deve ficar pronta até o final do ano, os índios resolveram radicalizar", diz.

Os indígenas exigem que sejam feitos estudos para mensurar os danos ambientais e ao sítio arqueológico. Eles prometem manter a ocupação até que seja realizada uma reunião com a presença de representantes da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, do Ministério de Minas e Energia, do Ministério Público Federal, da Funai de Brasília, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e das empresas responsáveis pela hidrelétrica para negociar uma indenização.

Os cerca de cem trabalhadores feitos reféns não reagiram à invasão, segundo o representante da Funai. Eles estariam no alojamentos da obra. Aquino afirma que a reunião para as negociações será feita nesta segunda-feira, por volta do meio-dia. "A Funai defende os direitos dos índios, mas não esse tipo de mobilização", afirmou Aquino. "Nós vamos acompanhar juridicamente todas as negociações".

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