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Índios guaranis do sul do Brasil vivem "situação desumana", denuncia Survival International

AFP - http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5imLWkNN1WEygMMpre4wBLjQAG-Bg
18 de Mar de 2010

LONDRES - Os índios guaranis que vivem no sul do Brasil estão entre os povos indígenas das Américas em pior situação, vivendo de forma desumana, denunciou nesta quinta-feira a organização Survival International em um relatório enviado às Nações Unidas, por ocasião do Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março.

"Os guaranis registram altas taxas de suicídio, desnutrição e alcoolismo, são vítimas de detenções arbitrárias e são regularmente alvos de pistoleiros contratados pelos fazendeiros que costumam a espoliar suas terras", cita a organização de defesa dos povo indígenas com sede em Londres.

O documento destaca a "negação de seus direitos territoriais" como a principal causa desta "situação explosiva", que poderá piorar ainda mais se a crescente demanda mundial por combustíveis fizer com que percam mais terras.

A Survival insta as autoridades do Brasil a atuarem rapidamente para evitar maiores sofrimentos desta comunidade que vive também em condições de "pobreza extrema".

"Este relatório expõe a situação atroz que os guaranis enfrentam. É responsabilidade moral e legal do governo brasileiro assegurar que tenham fim os abusos contra os Direitos Humanos e a Discriminação Racial sofridos pelos guaranis. Se não houver uma ação rápida e eficaz, muitos outros guaranis sofrerão e morrerão", declarou o diretor da organização, Stephen Corryl.

O Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial é celebrado a cada 21 de março, em memória dos 69 mortos registrados nesta data em 1960 quando a polícia abriu fogo contra uma manifestação pacífica contra o apartheid na cidade de Sharpeville, na África do Sul.

Segundo a Rede de Comunicação Indígena sobre Gênero e Direitos, menos de 50% das terras dos Guaranis estão demarcadas e asseguradas juridicamente; muitas estão ameaçadas pela sobreposição de Unidades de Conservação Ambiental em seu território, projetos governamentais planejados sem consultar a comunidade de um dos mais importantes povos indígenas do Brasil.

Somariam, atualmente, cerca de trinta mil pessoas, distribuídos nos Estados do Mato-Grosso-do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, S. Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Possuem cultura milenar, baseada em sua ancestralidade histórica, política e organizativa.

Utilizam a agricultura de subsistência (mel do mato, palmito, banana, mandioca, milho e feijão) e a conservam de forma tradicional, assim como sua língua, religião, educação e organização social. Utilizam com muita ênfase a prática da medicina tradicional e a valorização dos cânticos e dos pajés. Produzem e vendem artesanatos, cerâmicas, tecelagens, arcos e flechas para a caça e pesca.

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