VOLTAR

Indios ferem com flechas sertanista da Funai no Acre

OESP, Nacional, p.A9
08 de Jun de 2004

Índios tomam 5 fazendas e espalham medo em MS Mais de 3 mil kaiowás-guarani expulsam fazendeiros e prometem mais 3 invasões para breve
JOÃO NAVES DE OLIVEIRA Especial para o Estado
CAMPO GRANDE - O clima de tensão aumentou no extremo sul do Mato Grosso com a invasão, na madrugada de ontem, de uma nova fazenda pelos índios caiovás-guarani. Foi a quinta propriedade que eles invadiram desde o dia 22, num total de 5.400 hectares, de acordo com informações dos proprietários. Para esta semana, já estão programadas as invasões de mais quatro propriedades, ao redor das quais o grupo indígena está concentrando força.
Os índios alegam que têm a seu favor documentos da Fundação Nacional do Índio (Funai), nos quais são apontados como proprietários da área ao redor da Aldeia Campo Lindo, entre Iguatemi e Japorã, junto à fronteira com o Paraguai. Por isso, estão expulsando proprietários, arrendatários e funcionários dos imóveis rurais.
Guerra - Nas invasões, eles aparecem pintados para guerra e armados de arcos, flechas e tacapes. A última investida ocorreu contra a Fazenda São Miguel, em Iguatemi. Em sua primeira ação, no dia 22 de dezembro, eles tomaram a Fazenda Paloma, na mesma cidade. As outras propriedades invadidas foram São Jorge, Mato Sujo e Remanso.
Desolado, o arrendatário da Fazenda Paloma, que mora no Paraná, já teria anunciado a intenção de destruir os 400 hectares de soja que plantou no local, segundo o chefe de Patrimônio e Meio Ambiente da Funai, Cleomar Vaz Machado.
"A situação não é brincadeira", disse Machado. "Os índios são aldeados, não têm nem tiveram na vida contato com a população urbana. Vivem em matas fechadas, portanto são potencialmente perigosos e podem gerar um conflito de enormes proporções."
Amanhã, uma equipe de antropólogos, indigenistas e dirigentes da Funai em Brasília tentará abrir negociações com os 1.500 índios instalados nas fazendas invadidas e os quase 2 mil acampados nas entradas principais das fazendas que pretendem invadir.
Os índios querem ampliar a área da Aldeia Porto Lindo, originalmente com 1.600 hectares, para um total de 9.400 hectares. Essa é a área que, segundo estudos antropológicos da Funai, pertenceria aos caiovás-guarani.
Amanhã, o juiz Odilon de Oliveira tentará solucionar o conflito na Justiça Federal de Dourados, num encontro com fazendeiros e caciques, na presença de militantes de entidades que defendem a causa indígena. Segundo o administrador regional da Funai, William Rodrigues, dificilmente haverá outro acordo, a não ser que os proprietários desistam definitivamente de reaver seus imóveis.
Recurso - Rodrigues afirmou que, se a Justiça Federal der liminar favorável aos fazendeiros, o órgão entrará com recurso.
"Estamos aqui para proteger os índios. Vamos defender as terras indígenas até a última instância judicial", garantiu o administrador da Funai.

OESP, 07/01/2003, p. A7

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.