VOLTAR

Índios fazem 4 reféns no interior de S. Paulo

OESP, Nacional, p. A10
22 de Mai de 2008

Índios fazem 4 reféns no interior de S. Paulo
Protesto ocorre em Avaí contra mudança da sede da Funai de Bauru para Itanhaém e para pedir um administrador da fundação de origem indígena

Brás Henrique

Quatro funcionários do escritório de Bauru da Fundação Nacional do Índio (Funai) foram feitos reféns por índios da Reserva Araribá, em Avaí, na terça-feira. Um dos reféns teve febre e foi liberado na madrugada de ontem. Os outros continuavam na Aldeia Kopenoty.

Os índios, das etnias guarani, terena, caingangue e crenac, reivindicam a manutenção do escritório da Funai em Bauru - a previsão é mudá-lo para Itanhaém - e a nomeação de um índio para administrá-lo. O cargo de administrador está vago desde novembro.

No início da tarde de ontem, dez policiais federais estiveram na entrada da reserva. O delegado Fernando Amaral visitou os três reféns, para verificar sua segurança. Arnor Gomes de Oliveira, o único não-índio, é chefe do Serviço Administrativo da Funai. O terena Mário de Camilo é chefe de Serviços do Meio Ambiente e do Patrimônio e o também terena Edenilson Sebastião comanda o posto na Aldeia Kopenoty. Ranulfo de Camilo, irmão de Mário e chefe do posto Icatu, em Braúna, foi liberado por estar doente.

O delegado Antonio Vaz de Oliveira, chefe da PF em Bauru, explicou que, tecnicamente, os três não são reféns e sim estão em cárcere privado. "Os funcionários estão retidos e é desaconselhável ficar ali, criando clima de animosidade e possível confronto. E não temos com o que negociar, pois a reivindicação é com a Funai de Brasília", disse Vaz, que vai abrir inquérito.

Os índios fizeram barricada na entrada da reserva, usando um trator, no qual puseram uma faixa contra a Funai. Dezenas deles estavam no local, com rostos pintados e arcos e flechas. O protesto começou na manhã de terça-feira, quando 200 índios interromperam por cerca de três horas o tráfego da Rodovia SP-294, que liga Bauru a Marília. Depois, eles tomaram como reféns os funcionários.

O cacique da Aldeia Tereguá, Anildo Lulu, levou Amaral para visitar os três e disse que, "por enquanto", não tinham sofrido nenhuma agressão. "Não vamos liberá-los enquanto não tivermos uma resposta de Brasília. Queremos evitar um confronto, mas estamos preparados para a luta, não temos medo de morrer."

O Estado esteve na aldeia e falou com os reféns. "A reivindicação é justa, pois o escritório da Funai é tradicional em Bauru", avaliou Mario de Camilo. Apesar disso, ele é um dos que já aceitaram mudar para Itanhaém. Nessa região do litoral paulista há cerca de 3.500 índios, enquanto o escritório de Bauru cuida de 2.000. Na Reserva Araribá vivem 800 índios.

OESP, 22/05/2008, Nacional, p. A10

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.