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Índios fazem 300 reféns em usina

O Globo, O País, p. 11
26 de Jul de 2010

Índios fazem 300 reféns em usina
Grupo foi trocado por 3 gerentes de empresa de energia em Mato Grosso

Lino Rodrigues

Cerca de 300 índios, de 11 etnias, liderados pelos cintas largas e araras, invadiram na manhã de ontem a usina hidrelétrica de Dardanelos, no município de Aripuanã, em Mato Grosso. Por volta das 5h, os indígenas chegaram armados e pintados para guerra e aprisionaram os 300 funcionários que trabalham na construção da hidrelétrica.

Eles foram levados como reféns para um alojamento, onde ficaram isolados até as 20h, quando foram trocados por três gerentes da empresa Energética Águas da Pedra.

- Vamos tacar fogo em tudo se não formos atendidos até o dia 28 - afirmou, por telefone, Aldeci Arara, porta-voz e um dos líderes do movimento.

Os três funcionários ficarão como reféns até a obtenção de um acordo. Os índios exigem uma maior compensação financeira pelos danos causados às tribos pela construção de cinco usinas hidrelétricas na bacia do Rio Aripuanã. O Grupo Jurema, responsável pelas obras, alega que tem em andamento um processo de compensação de R$ 6 milhões. Mas o porta-voz dos índios diz que a compensação, acertada dentro do Plano Básico Ambiental (PBA), deveria ser de R$ 12 a 13 milhões.

- Estamos esperando desde 2005. Cansamos da enrolação da empresa e da Funai - disse Arara.

A Energética Águas da Pedra é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), controlada pela Neoenergia (51%). O empreendimento, que começou a ser construído em 2007, tem ainda a Eletronorte (24,5%) e a Chesf (24,5%) como acionistas.

A empresa alega que o complexo hidrelétrico, com investimentos de R$ 745 milhões, está fora da reserva, mas os índios dizem que o local era usado pelos antepassados e tem valor histórico.

Reclamam que as obras alteram o curso do rio e trazem prejuízos econômicos para as tribos, com a diminuição de peixes e da qualidade da água. Eles também querem uma indenização permanente pela instalação das usinas, que começam a funcionar em janeiro de 2011.

A Funai havia proposto um novo estudo sobre o valor da compensação, que seria concluído no segundo semestre. Os índios preferem que o valor maior seja pago antes mesmo que seja realizado o estudo. O líder das tribos disse que o movimento é pacífico e que espera para hoje a presença de representantes do Ministério Público e da Funai para negociar uma solução

O Globo, 26/07/2010, O País, p. 11

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