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Índios em pé de guerra contra a Justiça do Trabalho

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Autor: Renata Brasileiro
25 de Jan de 2007

Mais de 40 índios de etnias diversas do Estado estão acampados desde
segunda-feira na antiga sede da União das Nações Indígenas (UNI).

Eles exigem que o juiz do Trabalho, Celso Alves Guimarães, conceda-
lhes a sede de volta, que foi leiloada sem o conhecimento de nenhum
deles ao valor de R$ 32 mil.

Os índios estão no local armados com
flechas e recebem o apoio de suas lideranças, bem como do diretor da
Organização dos Povos Indígenas, Manoel Gomes da Silva, conhecido como
Manoel Kaxinawá. Danças típicas "de guerra" estão embalando o dia-a-
dia dos manifestantes na sede, que garantem não abandonar o local até
que a Justiça lhes dê um parecer favorável.

O prédio foi penhorado pela Justiça do Trabalho e arrematado pelo advogado Gumercindo
Rodrigues. "Estamos insatisfeitos com essa decisão do juiz. Primeiro
porque sequer fomos avisados de que nossa sede iria a leilão. E
depois porque esse lugar tem uma grande representatividade para nós,
é um patrimônio que pertence aos povos indígenas do Acre há 24 anos",
destacou o diretor.

Na sede, localizada na Rua Amazonas, no bairro
Cerâmica, funcionava mais recentemente a Organização das Mulheres
Indígenas do Acre, que consistia na produção cooperada de artesanatos
e outras atividades afins.

Em carta enviada à imprensa, os membros da
organização expressam grande revolta e relatam que a sede tem servido
de ponto de referência para todo o povo indígena que habitam nesta
Amazônia brasileira. "Vimos através desta afirmar que não deixaremos
o patrimônio indígena ser roubado e entregue a terceiros de graça,
pois o mesmo representa nossa luta em defesa de nossos direitos
inalienáveis a terra, saúde, educação, respeito sócio cultural e
espiritual.

Este patrimônio pertence a todo a povo indígena e deve
ser respeitado, como símbolo de nossa história e resistência em prol
de nosso povo", diz um trecho da carta. "Por esta razão, não
deixaremos que Gumercindo se aposse de nosso patrimônio. Para nossa
decepção Gumercindo nos anos 80, militava junto com Chico Mendes na
luta em prol dos seringueiros e o movimento social. A luta de Chico
Mendes e a nossa não acabou, nossa continua e desta vez, mais forte
como nunca. Não sairemos daqui, mesmo que tenhamos que sacrificar
nossas vidas e nosso povo em prol do que é nosso", finaliza o
documento.

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