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Índios desmentem abusos contra índias de 11 anos

Diário do Amapá
18 de Dez de 2007

Lideranças indígenas reunidas na sede da Funai, na manhã desta segunda-feira, 17, na presença da deputada federal Janete Capiberibe, representando a Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Câmara dos De-putados, e de membros da Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, afirmaram não ter conhecimento da denúncia veiculada nacionalmente de que índias de 11 anos de idade estão sendo estupradas, seviciadas e trocadas por drogas na localidade de Tucano, na Perimetral Norte. A reunião foi realizada com a participação do presidente regional da Funai no Amapá, Frederico de Miranda Oliveira.

Durante a reunião as lideranças índigenas - Caubi Amazonas, tesoureiro da Apiwa (Associação dos Índigenas Waiãpi); Jawaapuku Waiãpi, presidente do Conselho das Aldeias Indígenas Waiãpi; Missico Waiãpi, presidente da Associação dos Povos Indígenas do Tumucumaque; e Militino Mendes, auxiliar sertanista há 20 anos na região - foram unânimes em afirmar que desconhecem os fatos e que se realmente existe esse tipo de crime, tudo deve ser apurado.

Para a deputada federal Janete Capiberibe, todas as denúncias serão apuradas e tomadas as providências, assim como todos os órgãos envolvidos serão notificados informalmente sobre os fatos apurados. Para a parlamentar, todos os encaminhamentos sobre o assunto serão levados ao conhecimento da Câmara Federal que a designou para a missão.

De acordo com o deputado estadual Camilo Capiberibe, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, na tarde de ontem foram tomados os depoimentos dos denunciantes e, em seguida, encaminhada a denúncia para o Ministério Público Federal e Polícia Federal no Amapá. O parlamentar informou ainda que possivelmente uma comitiva de deputados vai verificar in loco a situação da reserva, para que tudo fique esclarecido.

O presidente do Conselho das Aldeias Waiãpis (Apina), Jawaapuku Waiãpi, disse que todas as manhãs os caciques das 48 aldeias da tribo Waiãpi se comunicam entre si através de rádio amador e desconhece qualquer informação dessa natureza. Ele explicou que uma índia dessa idade não tem permissão para deixar a aldeia. "Elas só saem acompanhadas dos pais, principalmente para o município de Serra do Navio, onde vão receber pagamento de aposentadoria ou acompanhadas dos maridos, quando estão mais velhas. A distância entre as aldeias é muito grande e não confiamos a aproximação com homem branco", frisou em tom de revolta.

O cacique Missico Waiãpi, da Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque (Apio), também se mostrou surpreso com a denúncia.

O tesoureiro da Associação dos Povos Indígenas Waiãpis - Triângulo do Amapari (Apiwa-Ta), Caubi Amazonas de Souza, disse que só ficou sabendo do caso ao ligar o rádio pela manhã e ficou revoltado com a informação. "Estão querendo denegrir a imagens de nós índios", frisou. O auxiliar de sertanista da Funai, Militino Mendes, disse que dentro da tribo Waiãpi não há possibilidade de acontecer. "Pode ter acontecido em ou-tro grupo", arriscou.

Comissão de Direitos Humanos da AL quer providências

Preocupados com a gravidade da denúncia e a repercussão nacional de que indiazinhas de 11 anos de idade estão sendo estupradas, seviciadas e trocadas por drogas na localidade de Tucano, na Perimetral Norte, no Estado do Amapá, as comissões de direitos humanos da Assembléia Legislativa do Amapá e da Câmara dos Deputados estiveram na tarde de ontem (17) reunidas com o administrador regional da Funai em Macapá, Frederico de Miranda Oliveira, e presidentes de várias associações indígenas que defendem os direitos dos cerca de 760 índios da tribo Waiãpi que ocupam uma área de seiscentos mil hectares.

O presidente da CDH amapaense, deputado Camilo Capiberibe (PSB), e o vice- presidente, deputado Paulo José (DEM), em companhia da deputada federal Janete Capiberibe, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, ouviram explicações do administrador da Funai, que alegou não ter conhecimento. "É gravíssima essa denúncia. Não tenho nenhuma informação sobre fato desse tipo na localidade", frisou, surpreso, Frederico Oliveira, informando que o órgão tem oferecido denúncias às autoridades sobre fatos que ocorrem dentro das áreas indígenas. "E essa não seria diferente".

Ainda no período da tarde os representantes das comissões apresentaram denúncia no Ministério Público Federal e Polícia Federal. O caso já está sendo investigado também pelo Serviço de Inteligência da Polícia Civil.

O assunto ainda ganhou eco na Câmara Federal, onde o de-putado Paulo Paim (PT-RS) em discurso repudiou a ação de exploração sexual, imputadas principalmente por garimpeiros às meninas das aldeias Tucano, que além disso ainda são usadas como moeda de troca. O parlamentar pediu providências das autoridades.

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