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Índios desaldeados serão afetados por Belo Monte

Site do ISA- Socioambiental.org.-São Paulo-SP
Autor: Ticiana Imbroisi
03 de Set de 2001

Com o início da construção prevista para 2002, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, teve seu projeto original modificado, por ter sido alvo de inúmeras críticas por parte da comunidade local e de ambientalistas. Com a alteração, a aldeia indígena Paquiçamba, que conta com uma população em torno de 30 a 40 indivíduos, não será mais alagada. No entanto, outros grupos indígenas que vivem na região, muitos desaldeados, não foram levados em consideração. De acordo com Antônio Coimbra, funcionário da Eletronorte e professor do Departamento de Engenharia da UnB, em recente palestra, tais grupos não serão afetados porque nem índios mais são.

Mesmo com a área do lago principal reduzida de 1200ha para 400ha, sem alteração da capacidade de geração de energia, a construção da UHE atingirá diretamente 2.000 famílias, várias delas constituídas por índios desaldeados que terão de mudar de local. A Eletronorte acredita ter conseguido um grande feito socioambiental com as modificações no projeto, e nega o impacto direto sobre comunidades indígenas. Aposta em Belo Monte como a futura maior hidrelétrica do Brasil (e a terceira maior do mundo, produzindo 11 mil megawatts/hora) e, certamente, como a mais correta em termos ambientais.

Durante palestra comemorativa da Semana da Engenharia Civil, realizada em 28/08, no auditório da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB), foi explicado porque a UHE de Belo Monte não alagará áreas indígenas. Antônio Coimbra, funcionário da Eletronorte e professor do Departamento de Engenharia da UnB, declarou que os grupos indígenas da região não serão afetados, tendo em vista que nem índios mais são.

Ele mostrou fotos de indígenas desaldeados – que em sua opinião não são índios – morando em casas sobre palafitas - aparentemente indesejáveis como modelo de moradia por não terem sequer um vaso sanitário – e revelou sua indignação com as condições de vida da população local. Partidário da mentalidade eletronórtica, Coimbra acredita que as compensações previstas para os atingidos serão muitíssimo mais benéficas do que a situação atual em que se encontram.
Detalhe: até agora as compensações nem foram definidas, porque como o EIA/Rima não está concluído, os impactos são desconhecidos.

É a Eletronorte, mais uma vez, a nos mostrar o perfil de uma empresa que enxerga nossos rios apenas como fonte geradora de energia, desconsiderando os aspectos antropológicos e as conseqüências ambientais de seus empreendimentos.

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