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Índios de Alagoas cobram reconhecimento social e fim dos conflitos

Tribuna Hoje - http://www.tribunahoje.com/
Autor: Ana Paula Omena
02 de Dez de 2011

Comunidades não têm água, banheiro e nem terra para plantar.

Duas comunidades indígenas de Alagoas, Xucuru-Cariri e Karapotó-Guariri, representadas por seus caciques estiveram reunidos na manhã desta sexta-feira, na sala do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Alagoas, para cobrar reconhecimento social e pedir o fim dos conflitos nas aldeias.

De acordo com o cacique Chiquinho, da aldeia Xucuru-Kariri, em Palmeira dos Índios, a situação de abandono é presente entre 76 famílias da comunidade. Sem água, sem terra e sem educação a falta de reconhecimento social é notória.

"Para se ter uma ideia, as crianças para terem aula tem que assistir em baixo de arvores e quem ensina é uma sobrinha minha, já que não existe professor", declarou o cacique Chiquinho. "Não querem reconhecer a gente como índios, temos muitos conflitos por este motivo, mas a nossa verdadeira briga é com os latifundiários", disse.

Durante a reunião ficou proposto que no próximo dia 16, às 10h, acontece mais uma discussão na OAB para definir as pautas: visita de técnicos nas comunidades indígenas; legalização das terras; reconhecimento oficial da 8ª comunidade Xucuru-Kariri, em Monte Alegre, no município de Palmeira dos Índios.

Alberto Jorge Ferreira dos Santos - presidente da Comissão de Defesa das Minorias da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas, que recebeu os índios, disse que um estudo já foi realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) reconhecendo a 8ª comunidade Xucuru-Kariri. O resultado final coordenador pelo professor Parmênides Justino Pereira oficializou a comunidade como de origem indígena.

"A Funai - Fundação Nacional dos Índios já tem este documento, agora o que queremos saber é se o órgão reconhece ou não a comunidade. Quais as medidas concretas para o reconhecimento?", argumentou Alberto Jorge. "Temos que estudar em conjunto inclusive se preciso for com antropólogos tendo como base as pesquisas que já foram feitas", ressaltou.

A OAB se comprometeu em fiscalizar e intervir com o que não esteja sendo colocando em prática.

"Quem não cumprir o que está assegurado por lei federal, a Ordem dos Advogados do Brasil vai denunciar", frisou Alberto Jorge.

O cacique Jorge Bernabé, da comunidade Karapotó-Guariri, pediu paz e o fim dos conflitos indígenas. Ele contou que cerca de 60 famílias vivem na comunidade sem condições de sobrevivência, apesar da tradicional roça. "Não temos banheiro muito menos água para beber, não somos reconhecidos pela Funai, e a comunidade está correndo perigo. Sofremos ameaças de latifundiários e se faz necessário a intervenção das autoridades competentes", desabafou.

O presidente da Comissão de Defesa das Minorias da OAB definiu as propostas para a comunidade Karapotó-Guariri para a próxima reunião pela realização do cadastro junto a Funai; intervenção da Funai, Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) nos conflitos entre os próprios índios, a exemplo do cacique José Isidoro; assentamento dos Karapotós; manutenção da posse interpondo uma ação e a denúncia da invasão de terras indígenas. Os índios também cobraram do coordenador geral da Funai, Frederico Vieira Campos, comprometimento e cumprimento de promessas nunca feitas.

No dia 16 próximo haverá mais uma reunião com a comunidade indígena, MPF, PF, Funai e OAB, na sede da Ordem, às 10h, para discutir as propostas elaboradas nesta sexta-feira.

http://www.tribunahoje.com/noticia/11235/interior/2011/12/02/ndios-de-a…

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