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Índios cobram solução para reserva em RR

OESP, Nacional, p. A7
15 de Jan de 2008

Índios cobram solução para reserva em RR
Após conflito, entidade pede ação do governo contra fazendeiros

Roldão Arruda

Depois de mais um conflito entre índios e não-índios, no fim de semana, na reserva Raposa Serra do Sol, o Conselho Indigenista de Roraima (CIR) voltou ontem a responsabilizar o governo federal pelo clima de insegurança na região. Segundo o vice-presidente da entidade, o índio uapixana Terêncio Salomão Manduca, as tensões estão relacionadas à demora na retirada dos fazendeiros que ocupam partes da reserva. "A terra foi demarcada e homologada há quase três anos e até hoje o governo não cumpriu a promessa de desintrusão", disse o líder indígena. "Está todo mundo ficando com a cabeça quente."

No conflito, ocorrido no sábado, um índio foi preso por porte ilegal de arma e outro acabou indiciado em inquérito policial, acusado por agressão. Segundo a Polícia Federal de Roraima, o conflito começou quando um grupo de índios da Comunidade Imbaúba tentou impedir a passagem de carros pela estrada que dá acesso ao Lago Caracaranã - ponto turístico dentro da terra indígena, na área de um fazendeiro que se recusa a deixar o lugar.

O bloqueio acabou provocando conflitos. Um militar da reserva, Paulo Pereira Dias, saiu ferido, atingido por uma flecha.

O incidente atraiu agentes das Polícias Civil, Militar, Rodoviária e Federal. Ao final, o índio Clodomir Malheiros, líder da comunidade, foi preso por porte ilegal de arma. Segundo a PF, ele portava um revólver calibre 38, municiado. Seu companheiro Gessimar Moraes foi indiciado por ter sido o autor das flechadas.

Ontem, a advogada Joenia Apixana apresentou um pedido de liberdade provisória para Clodomir e foi atendida pela Justiça. Ela disse que a polícia nunca demonstra a mesma rapidez quando os índios reclamam de ataques às suas comunidades: "No caso de uma escola indígena incendiada em 2004, até hoje não encontraram culpados."

Segundo o vice-presidente do CIR, os índios apenas vigiavam suas terras. "Cansados da sujeira que os turistas deixam no lugar, nossos parentes foram até lá para esclarecer que a terra é nossa e que a natureza precisa ser conservada", disse. "Existe até um convênio com o governo federal para os índios fazerem essa vigilância."

ARROZEIROS

No mesmo sábado, um grupo de grandes produtores de arroz, instalados dentro da reserva, promoveu um encontro para celebrar a colheita recorde na safra de arroz 2007/2008 no Estado. Eles reivindicam uma parte da reserva, que tem 1,7 milhão de hectares e foi homologada em 2005 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

OESP, 15/01/2008, Nacional, p. A7

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