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Índio vai à escola para preservar cultura

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: DIEGO ROSA
19 de Abr de 2002

Colégios são instalados dentro das aldeias do Estado e professores têm formação específica

Educação. Essa é a arma dos índios para manter a cultura e erradicar o preconceito. A presença de escolas junto às aldeias serve de atalho para a valorização étnica e para dar sustentação à luta pela terra. No Estado, há 1,3 mil índios freqüentando classes do Ensino Fundamental e Médio nas 27 escolas indígenas localizadas nas aldeias de 13 municípios.

O currículo preserva os valores culturais da raça e resgata a cidadania, explica a coordenadora do Núcleo de Educação Indígena da Secretaria Estadual de Educação, Sandra Mara Cardoso. Estas escolas trabalham num processo multicultural. Valorizam a língua nativa e o português. Os conhecimentos indígenas e gerais são dados na mesma medida para haver um equilíbrio.

Setenta professores trabalham nas escolas estaduais nas aldeias. Desse total, cerca de 50 são índios. A Secretaria da Educação forma em julho mais 58 professores indígenas das tribos Kaingang e Xokleng. Segundo o MEC, há 1.392 escolas indígenas no país, onde trabalham 3.998 professores. Entre eles, 76,5% são índios.

O coordenador do Núcleo de Estudos das Causas Indígenas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professor Sílvio Coelho, disse que os índios precisam de uma política mais organizada de gerenciamento. "Ações de auto-sustentação nas aldeias, além da educação, precisam ser discutidas." Mas para isso é necessário que haja um entrosamento entre a Fundação Nacional do Índio (Funai), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e governos estaduais, diz Sílvio. "Os projetos desenvolvidos em cada setor ainda não atingiram uma prática uniforme para a melhoria da condição de vida dos índios."

A escola exemplo de educação indígena é a Cacique Vanhkre, em Ipuaçu, região Oeste. Mais da metade da população do município, de 8 mil habitantes, é de índios Kaingang.

Fundada em agosto de 2000, o colégio atende cerca de 750 estudantes no Ensino Fundamental e Médio. O prédio foi construído em forma de tatu. É a primeira escola fundamental voltada para índios do país.

Outra unidade escolar com esses mesmos padrões será construída na aldeia Guarani, localizada no Morro dos Cavalos, em Palhoça. "A arquitetura é discutida com a comunidade", destaca Sandra. A Secretaria também projeta a construção neste ano de mais cinco colégios para o Ensino Básico.

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