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Indígenas do Amazonas fazem marcha em Manaus por visibilidade e direito à vida

A crítica https://www.acritica.com/
Autor: LUIZ G. MELO
04 de Abr de 2019

Com objetivo de dar visibilidade à cultura, luta e direito à vida indígena, cerca de 700 índios de 43 etnias do Amazonas realizam na manhã desta quinta-feira (4), em Manaus, a terceira Marcha dos Povos Indígenas. Eles se concentraram na Praça Heliodoro Balbi e seguiram em caminhada até o Largo de São Sebastião, no Centro da capital, onde fazen ato de mobilização político-cultural com cantos, danças e discursos.

De acordo com um dos organizadores da marcha, o professor Gersen Baniwa, a ideia principal é destacar a existência dos povos indígenas, as lutas e as principais demandas, como a demarcação de terras e o combate à mineração dentro dos territórios. "A demarcação das terras indígenas tem sido a nossa maior luta hoje. Sem terra o índio perde a sua identidade. Viemos lutar também pelos nossos direitos básicos, educação de qualidade e saúde. A marcha é para pedir apoio da sociedade para nos ajudar em nossa luta, pois seguiremos resistindo e existindo, como sempre", disse.

O tema da 3ª marcha é "Resiliência e luta pela (R)existência e vida plena". O evento é organizado pelo Fórum de Educação Escolar Indígena do Amazonas (Foreeia) e se estende até sexta-feira (5), onde a concentração deverá acontecer em frente à sede da Prefeitura de Manaus, com caminhada até à sede do Governo do Amazonas, no bairro Compensa, Zona Oeste. A expectativa é reunir 1.500 pessoas no segundo dia da marcha.

Participam da Marcha também representantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Serviço de Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya), Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua) e Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares).A marcha

Homens, mulheres e crianças exibiam orgulhosos os seus apetrechos, pinturas corporais feitas de tintas naturais, como o jenipapo, ou qualquer objeto que os identificasse imediatamente com a etnia a qual pertencem. Entre eles estava a índia Naide Luciano, 52, da etnia Tukano. Natural de São Paulo de Olivença (distante 982 quilômetros de Manaus) e de sorriso fácil, ela conta que participou de todas as edições da marcha porque não quer perder a oportunidade de lutar pelos direitos do seu povo, além de reafirmar o seu orgulho de ser uma mulher indígena.

"Nos reunimos para lutar contra o retrocesso das políticas indígenas do atual governo (federal). Muitos dos que estão aqui deixaram familiares nas aldeias distantes para virem pra capital e lutar pelo nossa dignidade. Se não fizermos isso quem lutará por nós?", questionou ela, que é mãe de 12 filhos, e conta que todos eles são "estudados" e foram "criados dentro da cultura Tikuna".

De não tão longe, o jovem Ítalo Batista, de 16 anos, da etnia Mura, veio junto com as primas do município de Autazes (distante 113 quilômetros da capital) para participar da Marcha pela primeira vez. Exibindo uma pintura no braço direito, enquanto no esquerdo usava uma pulseira com as cores do arco-íris para, segundo ele, celebrar a diversidade da vida, Ítalo estava um pouco tímido no começo da conversa, mas logo se mostrou bem articulado.

"A minha existência já é um poderoso ato político", diz com um sorriso tímido, "tenho muito orgulho de ser quem eu sou, sabe? Cresci na aldeia. Foi lá que eu aprendi a ler e a escrever em português, mas assim que eu terminar o ensino médio desejo vir para a capital continuar os estudos. Quero ser médico veterinário. Faço questão de exibir as minhas raízes pra onde eu vá", conta ele, enquanto estende o braço mostrando uma pintura que carrega um significado especial, "proteção para a guerra".

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