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Indígena Brasileira participa de encontro de defensoras dos direitos humanos no Sri Lanka

Cimi-Brasília-DF
25 de Nov de 2005

A indígena brasileira Edilene Bezerra, do povo Truká, vai ao Sri
Lanka para participar da Consulta Internacional sobre Mulheres
Defensoras dos Direitos Humanos. O encontro ocorre entre 29 de
novembro de 2 de dezembro na cidade de Colombo, Sri Lanka, e faz
parte de uma campanha internacional de sensibilização da imprensa e
das populações sobre a condição das mulheres que atuam na defesa dos
direitos humanos. As violências vêm, muitas vezes, da repressão dos
Estados, de ataques ligados à sexualidade e de fundamentalismos
religiosos. Aproximadamente 200 pessoas são esperadas para
participar do encontro.
A Consulta terá participação de Hina Jilani, Representante da
Secretaria Geral sobre Defensores dos Direitos Humanos da ONU, que
vem ao Brasil em 14 de dezembro. Jilani levantou que, em 2002, 70
dos 161 apelos urgentes que ela enviou aos governos eram sobre
mulheres defensoras dos direitos humanos ou de suas organizações.
Elas se deparam com desafios maiores quando atuam em espaços
dominados por homens, são muitas vezes estigmatizadas e às vezes
tornam-se vitimas de violações pelo fato de serem mulheres.

Para Edilene Truká, também chamada de Pretinha, as mulheres
indígenas que atuam na luta para a defesa de seus territórios sofrem
preconceito mais forte do que os homens. "Quando a mulher tem este
novo papel na sociedade, ela passa a ser ameaçada, porque fica mais
visível. As investidas são mais fortes. Somos vistas como mais
fracas e como se fosse mais fácil acabar com a gente". Ela lembra o
exemplo de Lourdes Cirilo, do povo Truká, que liderou as retomadas
de terras de seu povo em 1995, foi ameaçada diversas vezes e teve
que sair de sua terra. Hoje, ela vive fora da Ilha de Assunção,
território Truká. Também em Pernambuco, Zenilda Xukuru é
freqüentemente ameaçada por sua atuação na luta de seu povo.

Pretinha vai aproveitar a oportunidade de contato com relatores da
ONU para novas denúncias contra o governo Brasileiro, que "ainda não
fez nada para a punição dos assassinos de Dena e Jorge". Os dois
indígenas Truká foram assassinados por policiais militares de
Pernambuco, dentro da terra indígena deste povo, em julho de 2005.
Logo depois, Pretinha Truká esteve na ONU em Genebra e denunciou o
estado brasileiro pela morte dos índios e pela forma obscura como o
inquérito estava sendo conduzido pela polícia.

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