VOLTAR

Índice de queimadas em Mato Grosso aumenta 8% em relação a 2000

Diário de Cuiabá-Cuiabá -MT
17 de Jul de 2001

Os satélites que monitoram incêndios florestais detectaram 698 focos de calor em Mato Grosso na primeira quinzena deste mês. O número representa um aumento de 8% em idêntico período do ano passado, quando foram registrados 642 focos. Ainda assim, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema) comemoram a redução do volume de queimadas nos 15 primeiros dias de julho em comparação a 1999, quando o Estado ardeu com 1.069 focos. Apesar da euforia na esfera oficial, a fumaça aponta para um quadro cinzento: a média diária de focos é de 46,5 e isso acontece em plena vigência de uma portaria que proíbe queimadas, de 1o de julho a 30 de setembro.
A portaria que proíbe as queimadas em Mato Grosso abre uma generosa exceção aos usineiros, aos quais concede autorização especial para queimar canaviais de 18 às 10 horas. Essa brecha na legislação ambiental é uma porta aberta para se tocar fogo em aproximadamente 250 mil hectares cultivados em cana-de-açúcar pelas usinas Pantanal e Jaciara (Jaciara), Cooberb (Lambari D`Oeste), Gameleira (Confresa), Barralcool (Barra do Bugres), Coprodia (Campo Novo do Parecis), Itamarati (Nova Olímpia), Pantanal (Poconé) e Libra (São José do Rio Claro).
Para o diretor de Recursos de Flora e Fauna da Fema, Paulo dos Santos Leite, o volume de focos de calor detectado é normal. Ele alega que muitos desses focos acontecem como desdobramentos de queimadas autorizadas e que foram feitas no final de junho. Outro argumento de Leite: satélites registram como focos de calor a queima de pó de serra e farrapos de madeiras em serrarias e laminadoras.
Tanto Leite quanto o coordenador estadual do Prevfogo do Ibama, Romildo Gonçalves, destacam que uma ação conjunta que engloba 28 instituições tem alcançado bons resultados na política de conscientização contra queimadas em Mato Grosso. Neste ano fizemos seis mil notificações preventivas e nos reunimos com milhares de produtores em fazendas, assentamentos, sítios, igrejas, escolas, prefeituras, cooperativas e sindicatos. Com isso estamos mudando a cultura mato-grossense das queimadas em julho e agosto – época em que o ar é mais seco, os ventos mais fortes e os riscos do fogo se alastrar é bem maior, observa Leite.
Independentemente da portaria, Mato Grosso continua em chamas e não dá sinais de sair da incômoda liderança nacional – que ocupa há 10 anos – de Estado que mais queima: de janeiro ao dia 15 deste mês os satélites apontaram 8.972 focos de calor no território mato-grossense. Com números bem menores aparecem Goiás, com 570; Mato Grosso do Sul, com 505; Bahia, com 426; Maranhão, com 363 e; Piauí, com 285.
O dia mais crítico neste mês foi a quarta-feira, 4, com 76 focos de calor, dos quais, 17 em Gaúcha do Norte. No conjunto da quinzena Gaúcha também é o município que mais queima, com 42 registros.
As chamas se espalham por todos os cantos do Estado. Abaixo de Gaúcha figuram Nova Monte Verde com 32 focos, Nova Bandeirantes (31), Cocalinho e Paranatinga (30 cada), Alta Floresta (26), Juína (24), Brasnorte e Cláudia (22 cada) e Tesouro (18).
Os focos de calor em Gaúcha e Paranatinga deixam em alerta especial Ibama e Fema, porque os dois municípios têm parte de territórios no Parque Nacional do Xingu e suas chamas podem colocar em risco o ecossistema do qual dependem os povos xinguanos.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.