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Índias querem direito à voz na luta por igualdade

A Tarde Online - www.atarde.com.br
Autor: Cristina Laura
28 de Jul de 2008

"Queremos que as mulheres indígenas também participem das decisões tomadas nas aldeias, com a mesma importância que os homens". O desabafo da índia Marlene Pataxó Monte Pascoal foi feito em tom forte para o grupo de mulheres que lutam pela igualdade dos direitos e ainda vivem sob as ordens dos maridos ou caciques das aldeias no extremo sul da Bahia.

"Estamos nos rebelando pelo direito de nos reunir e discutir assuntos que dizem respeito à vida, às batalhas que a mulher indígena passa junto com os homens", ressaltou Marlene ao defender que a luta é pautada no desejo de ajudar os maridos a enfrentar as dificuldades. "Alguns reconhecem a necessidade, mas ainda existem aqueles que se opõem e não entendem. Muitos até impediram as esposas de deixar a aldeia e participarem das reuniões", disse Marlene, durante o II Encontro das Mulheres Pataxó, realizado em Itamaraju.

Para Creuza Vieira dos Santos, da Aldeia Alegria Nova, as reuniões das mulheres representam "uma conquista que deve ser respeitada e vista como uma ajuda nas lutas dos povos".

No texto final do II Encontro de Mulheres Pataxó do extremo sul, elas analisam a conjuntura regional e a situação das aldeias, manifestando preocupações através da história de vida, luta e sofrimento. Alertam as autoridades para a necessidade de adotar medidas urgentes.

Uma das preocupações está na forma com que a Funai em Itamaraju está tratando a demarcação do território indígena, segundo as índias, "sem levar em consideração a voz das comunidades, que exigem a demarcação de um território tradicional que seja satisfatória para a sustentabilidade das aldeias, preservação da cultura e garantia de futuro dos filhos".

Elas afirmam ainda que a preservação do meio ambiente é fundamental na vida do povo indígena, "que vem sofrendo com o desmatamento e a poluição, provocados pela ganância das empresas de celulose e extrativistas, que secam os rios e adoecem nossas crianças".

O movimento tem o apoio das mulheres de comunidades indígenas de Tibá, Aldeia Nova, Tawauá, Meio da Mata, Corumbauzinho, Pequi e Craveiro. Também apóiam a iniciativa as mulheres do Movimento Sem-Terra e das comunidades quilombolas. Todas defendem a presença feminina nas frentes de discussões e decisões para definir melhor seu espaço nos movimentos.

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