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Índia de 6 anos que teria sido rejeitada pela família aguarda definição de lar

G1- http://g1.globo.com
Autor: John Pacheco
14 de Out de 2016

Representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) vão se reunir nesta sexta-feira (14), em Macapá, para definir o destino da pequena índia, de 6 anos, que teria sido rejeitada pela família biológica e abandonada recentemente por uma família adotiva. A criança indígena tem problemas de desenvolvimento e atualmente está sob os cuidados da Casa de Saúde do Índio (Casai), na capital do Amapá.

A menina havia sido adotada em 2016 por um missionário francês que atuou por algum tempo promovendo trabalhos solidários na aldeia dos waiãpis, tribo de origem da pequena índia, localizada ao Centro-Oeste do Amapá. No dia 7 de outubro deste ano, no entanto, a criança foi devolvida à Funai sob a alegação de problemas familiares.

A pequena é acompanhada desde então pela Casai, e submetida a tratamento de fisioterapia no hospital Sara Kubistchek, em Macapá. O atendimento foi garantido pelo MPF em 2011, quando a criança apresentou um quadro grave de desnutrição e desidratação. Naquela ocasião, com 2 anos, a menina vivia com a família biológica na tribo localizada em Pedra Branca do Amapari, a 183 quilômetros da capital.

Jeovany Bentes, chefe da Casai em Macapá, contou que a pequena índia teve situações recorrentes de abandono, desde o nascimento, conforme o Distrito de Saúde Indígena (Dsei). A falta de cuidados essenciais teria provocado graves problemas de desenvolvimento, inclusive de locomoção, na criança, que precisa de fisioterapia para recuperar os movimentos das pernas.

O destino da pequena precisa ser definido porque a casa onde ela está não funciona como abrigo permanente, segundo Vanderbilde Marques, coordenadora do Dsei no Amapá e Norte do Pará. Ela informou que a menina foi levada por duas vezes para o convívio com a família, na tribo, mas que a criança não foi alimentada e nem cuidada corretamente, chegando a correr risco de morte.

De acordo com Vanderbilde, a família biológica da criança não seguiu as orientações de alimentação e exercícios, o que resultou na dificuldade dela em andar.

A chefe da Casai reforçou dizendo que os pais biológicos da menina não realizaram o tratamento adequado, e que a responsabilidade sobre a criança foi repassada para os avós maternos e paternos, que também não deram a atenção necessária à saúde da pequena.

"Tem uma outra família indígena que se prontificou a adotar a criança, que reside também na região de Pedra Branca, mas não na mesma aldeia. Ela precisa agora somente fazer a fisioterapia e de alguém que faça os exercícios em casa mesmo. Também tem que cumprir os prazos das visitas dela ao hospital", falou Vanderbilde.

O Dsei, que atua na saúde indígena no Amapá e Norte do Pará, busca alternativas para o convívio da menina em sociedade, juntamente com a Funai. Segundo Jeovany, a criança tem como responsável hoje uma índia que é da mesma etnia, mas não é parente de sangue dela. A menina não fala português.

"Quando chegou à Casai, ela [criança] só vivia deitada e agora teve um avanço. O que a gente observou foi que toda a família a rejeitou. A gente buscou todos os familiares possíveis, mas não conseguimos alguém para continuar o tratamento. Uma grande preocupação em ela ir para outro lugar é a língua nativa", falou Jeovany.

Segundo ela, o primeiro sinal de abandono da menina foi registrado em 2011, pelo Dsei. À época, a criança teria precisado ser internada em Macapá, por causa de desnutrição e desidratação. Após o primeiro tratamento e recuperação na Casai, ela voltou à tribo, e, meses depois, foi internada na capital com os mesmos problemas, informou Jeovany.

Ela contou que existe a cultura de algumas tribos em rejeitar crianças que aparentam alguma deficiência física ou motora ao nascerem. Jeovany acrescenta, porém, que as ocorrências são raras no Amapá, e que o caso da menina é uma situação isolada.

http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2016/10/india-de-6-anos-que-teria-…

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